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Cinquenta Tons de Cinza vale a pena?

Na esteira de recordes de bilheteria e da estereotipização da mulher, fãs comentam o filme de Sam Taylor-Johnson

Para Roseli Costa, de 37 anos, o filme é “diferente.” | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Para Roseli Costa, de 37 anos, o filme é “diferente.” (Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo)

Espinafrada pela crítica e ardentemente exaltada pelos fãs da obra da escritora inglesa Erika Leonard James, a adaptação de Cinquenta Tons de Cinza para as telas de cinema já concentra recordes.

Além de alcançar a arrecadação máxima em 11 países, como Itália, Argentina e Polônia, e acumular cerca de US$ 94 milhões em seu fim de semana de estreia nos Estados Unidos (entre 13, 14 e 15 de fevereiro), o filme da Universal também aparece no ranking como a maior estreia de todos os tempos para um mês de fevereiro.

Mas, afinal, o que é que Cinquenta Tons de Cinza tem? Qual é o segredo de tanto sucesso? As respostas para essas perguntas não se sustentam pela qualidade do filme. Muito menos pela originalidade da narrativa.

A história conduzida pelos atores Jamie Dornan e Dakota Johnson recai sobre as incertezas vividas por estereótipos corroídos pelo tempo: o bilionário e bem-sucedido Christian Grey, que pretende fazer da virgem e romântica Anastacia Steele seu objeto sexual por ofício e por necessidade. Na justificativa miserável, uma tentativa de juntar as peças de uma infância estilhaçada pelo sofrimento.

Cinquenta Tons de Cinza – pelo menos no cinema – está mais para comédia do que para uma produção libertinosa.

O público limite da classificação indicativa (16 anos) é o que mais se empolga com os suspiros da mocinha Anastacia e com o poder de dominação exercido por Grey – que, moldado à Michelangelo, criou uma legião instantânea de fãs.

Em uma das sessões exibidas na tarde da última quarta-feira (18) no cinema do Shopping Curitiba, pelo menos 30 dos 40 telespectadores presentes eram adolescentes. A maioria se recusou a dar entrevista porque estava lá escondido dos pais. Adolescentes ou não, a grande isca de quem gostou do filme foi unânime: ele é “diferente”. Empolgado, Gabriel Gustavo Cordeiro, de 17 anos, explica que este diferencial é a abordagem do sexo de forma “diferente.” “O que mais me chamou a atenção são as cenas de nudez. A gente não vê coisa assim no cinema e é muito diferente de tudo o que já vi”, contou o adolescente logo após ver o filme. O termo “diferente” também foi usado pela representante Roseli Costa. Aos 37 anos, ela integrava o público esmagadoramente feminino da sessão e confessou: “Me apaixonei pelos dois personagens. E pelo filme. Diferente do que muitas pessoas falam, não é uma coisa de gostar de apanhar. É gostar de fazer algo diferente”, conclui.

Subordinação

Na opinião dos entrevistados, os 125 minutos de Cinquenta Tons de Cinza podem até agradar. “Gostei e recomendo, porque, no fundo, é uma história de romance”, diz outra espectadora, Luciane Marchis, de 36 anos.

Por outro lado, além do balde de água fria jogado pelos críticos, a obra carrega polêmicas sustentadas por grupos de combate à violência doméstica, que argumentam a incitação à agressividade contra mulheres. Antes de assistir ao filme, Ione Lopes, de 17 anos, já afirmava veementemente que não indicaria o filme de forma alguma. “Estou aqui para cumprir um desafio. Todo mundo diz que o livro em si já não é bom. É uma literatura muito perversa que impõe a subordinação do gênero feminino”.

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