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Claudio Cavalcanti, morto há duas semanas, vive Otávio | Divulgação
Claudio Cavalcanti, morto há duas semanas, vive Otávio| Foto: Divulgação

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Sessão de Terapia

GNT. Segunda a sexta-feira, às 22h30

Todos somos um pouco voyeurs. Essa constatação talvez explique o fascínio exercido pela possibilidade de, como se fôssemos uma mosca pousada na parede, testemunhar toda a complexidade que envolve a relação entre um psicanalista e seus pacientes. É a vida dos outros que se desnuda em sua intimidade mais profunda. Esse ritual, protegido por um pacto de confidencialidade, quando transformado em espetáculo, pode se tornar irresistível, adjetivo que se aplica à série Sessão de Terapia, cuja segunda temporada estreou nesta semana no canal pago GNT.

Versão brasileira de uma produção israelense, que já ganhou remake em língua inglesa, estrelada pelo ator irlandês Gabriel Byrne, Sessão de Terapia tem direção de Selton Mello. Provavelmente por ser ator, ele tem plena consciência de que, se não tiver à sua disposição um grande time de atores, além de, obviamente, um roteiro de qualidade, jamais conseguirá fazer decolar um programa cujas fundações são os diálogos e a complexidade das personagens e de seus conflitos.

Nesse segundo ano da série, o psicoterapeuta Theo Cecatto (Zécarlos Machado), que oficializou sua separação da mulher na temporada anterior, se mudou para um apartamento em São Paulo, onde também atende os pacientes.

Três deles deles são novos. Carol (Bianca Comparato, excelente) é uma jovem universitária diagnosticada com câncer linfático, mas que se recusa a falar do assunto – conta ao psicólogo sobre a doença por escrito, em um pedaço de papel, e adia o início do tratamento de quimioterapia.

Claudio Cavalcanti, que morreu há duas semanas, é Otávio, um empresário bem-sucedido, porém com enormes dificuldades para lidar com os próprios sentimentos. Vem tendo sucessivas crises de pânico e crê que, pagando por algumas poucas sessões, irá resolver seus problemas. Está enganado. A terceira paciente, que também nada tem a ver com o primeira temporada da série, é a advogada Paula (Adriana Lessa). Ela recorre a Theo porque, com mais de 40 anos, descobre em si a vontade de ter um filho, mas não consegue engravidar. "O médico disse que meus óvulos estão envelhecendo", conta. Como sempre priorizou a vida profissional e sua liberdade, sente-se punida por suas escolhas.

O quarto paciente é o menino Daniel (Derick Lecouflé, muito convincente), filho do casal Ana (Mariana Lima) e João (André Frateschi), pacientes de Theo no primeiro ano da série. Antes em crise, e agora separados, eles têm de lidar com o garoto, obeso e ansioso, dividido entre a superproteção da mãe, que faz todas as suas vontades, e o pai, que tenta mudar seus hábitos.

Paralelamente, Theo enfrenta um processo judicial movido pelo pai do atirador de elite Breno (Sérgio Guizé) que o acusa de ser responsável pelo suicídio do rapaz, ocorrido na temporada passada. O terapeuta é acusado pelo pai, vivido por Norival Ritzzo, de nada ter feito para evitar que Breno voltasse ao trabalho, para o qual não estaria de forma alguma preparado.

Dedicada a Cavalcanti, que no seu primeiro episódio esbanjou complexidade e sutileza na composição de Otávio, a segunda temporada de Sessão de Terapia promete. Selton Mello consegue tirar o melhor de seus atores, optando pela contenção e pela sutileza, mesmo quando os personagens são mais histriônicos, como Paula – a interpretação de Adriana Lessa, mais maneirista, pode ser uma exigência do papel, ou uma limitação da atriz.

Ator de vastos recursos, Machado sabe tirar o melhor do momento mais down de seu personagem analista, que nos conduz em um interessante mergulho na subjetividade humana.

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