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O reboot de “Tartarugas Ninja” foi alvo de protestos antes de sua produção e  estúdio voltou atrás. | Divulgação
O reboot de “Tartarugas Ninja” foi alvo de protestos antes de sua produção e estúdio voltou atrás.| Foto: Divulgação

Imagine os X-Men vestindo malhas coloridas e coladas ao corpo. E além: Wolverine, que há pelo menos 16 anos enxergamos com o rosto de Hugh Jackman, metido em um uniforme amarelo. Quase impossível, certo? Para alguns geeks dos quadrinhos, as versões de suas obras preferidas para cinema e TV têm de seguir cada detalhe original. A exigência muitas vezes se torna um entrave para qualquer corajoso que se proponha a verter clássicos nerds para outras linguagens e criar obras definitivas sem que sejam cópias perfeitas.

“A questão é que os fãs são muito apaixonados e possessivos com esse material, que é uma leitura de nicho. As adaptações não têm o foco do leitor de quadrinhos, que tem elementos gráficos todos próprios”, pondera André Morelli, redator do site Popground e colaborador da revista “O Mundo dos Super-heróis”.

A verdade é que alguns heróis nasceram há mais de 70 anos e, com tantos subprodutos, o ponto de partida de algumas produções pode nem mesmo ser as páginas dos gibis. Há fãs de Batman, por exemplo, que conheceram o personagem pelos games. Portanto, a patrulha nerd pode dar um tempo.

Teste de receptividade

Os estúdios costumam manter um buzz contínuo a cada vez que uma nova produção é anunciada. Nesse período, já é possível medir o grau de receptividade. Dependendo do barulho, ideias “heréticas” nem saem do papel.

Caso clássico foi o do reboot das Tartarugas Ninjas, lançado em 2014. “No início, eles disseram que os personagens seriam alienígenas e não uma mutação genética. Houve uma comoção enorme e eles voltaram atrás”, lembra Morelli.

O “Esquadrão Suicida”, com estreia marcada para agosto, é um filme que, ao que parece, não teve a aceitação esperada nas exibições teste e precisou chamar o elenco de volta para filmar novas cenas , possivelmente para adicionar momentos de humor. O longa reúne os vilões da DC como Arlequina (Margot Robbie) e Coringa (Jared Leto) e, seguindo uma receita oposta ao que a Marvel vem fazendo há anos, é muito mais dark .

Há casos em que os fãs têm razão para implicância, como a trilogia de “Batman” dirigida por Joel Schumacher nos anos 1990. O visual de George Clooney, que substituiu Val Kilmer no terceiro filme, resumiu bem o tom: o uniforme tinha mamilos aparentes, o que foi motivo de chacota, até mesmo para Clooney. Em 2014, durante fórum com fãs no Reddit, ele assumiu que sentiu vergonha. “Eu não era muito fã dos mamilos no bat-uniforme. Não é algo que você pense a respeito quando está vestindo. Você acha que todos têm mamilos e depois você percebe que o seu foi o primeiro”, afirmou.

Zack Snyder

A expressão de Ben Affleck quando um repórter avisou que as críticas sobre seu primeiro filme no papel do “Cavaleiro das Trevas” não haviam sido das melhores sintetiza quase tudo. Além de dark, o filme não prima pela fidelidade à essência de seus personagens. O Superman de Henry Cavill, por exemplo, é exageradamente sombrio. “Quem é leitor de quadrinhos se sente incomodado porque sabe que o maior superpoder dele é ser inspirador”, afirma Morelli.

Curioso é essa crítica recair justamente sobre Zack Snyder, o diretor. O cineasta é conhecido por capitanear duas versões que são praticamente odes às páginas de HQ: “300” (2006), de Frank Miller, e “Watchmen – O Filme” (2009), de Alan Moore e ilustrada por Dave Gibbons. A riqueza de detalhes que ele escolhe transpor a seus longas impressiona.

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