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Atores interpretam “vigias kafkianos” velando o sono da humanidade – metáfora usada pelo autor para a escrita | Chico Nogueira/Divulgação
Atores interpretam “vigias kafkianos” velando o sono da humanidade – metáfora usada pelo autor para a escrita| Foto: Chico Nogueira/Divulgação

Serviço

Kafka – A Vigília

Espaço Cênico (R. Paulo Graeser Sobrinho, 305 – São Francisco), (41) 3338-0450. De quinta a sábado, às 20 horas, e domingo, às 19 horas. Ingressos a R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Hoje, entrada franca e nas demais quintas, pagamento voluntário. Até 30 de setembro. Classificação indicativa: livre.

  • Elenco tem cinco atores jovens que interpretam
  • Atores foram recrutados pelo grupo Delírio, que se apresenta no Espaço Cênico
  • Essa é a terceira vez que Edson Bueno trabalha com o autor Franz Kafka
  • Atmosfera lúgubre compõe clima das
  • Textos de Kafka foram encontrados em gaveta e publicados

De vez em quando, o diretor Edson Bueno sente um desejo de Kafka, e é assim que estreia seu terceiro espetáculo baseado na obra do autor tcheco. Kafka – A Vigília é inspirado em Narrativas do Espólio, que o amigo Max Brod publicou com a raspa da gaveta do autor de Metamorfose, negligenciando o pedido do escritor para que queimasse tudo após sua morte, em 1924 (veja o serviço completo do espetáculo no Guia Gazeta do Povo).

FOTOS: Veja imagens do espetáculo clicadas por Chico Nogueira

"Pegamos as narrativas porque não são tão comuns, são uma coisa um pouco mais à margem", contou à reportagem o diretor. Cerca de 12 dos 17 escritos ali reunidos, entre contos, relatos e ideias, foram utilizados para compor o espetáculo com uma hora de duração, em que atuam Robysom Souza, Guilherme Fernandes, Evandro Santiago, Gabriel Manita e Rudi Mayer.

Alguns dos contos presentes são "À Noite", "O Abutre", "Uma Pequena Fábula", "As Árvores" e "A Toca".

Pairando sobre esse componente literário, está a ideia de que os escritores desempenham uma missão para com a humanidade, que é a de "vigiar o sono alheio". O tema já havia sido desenvolvido pelo grupo Delírio em 2007, na peça Kafka – Escrever É um Sono Mais Profundo do Que a Morte, que sucedeu Metamorphosis (2005). Pode-se dizer que os cinco atores do novo trabalho encarnam "vigias kafkianos".

Drama humano

O espetáculo não conta uma história linear reconhecível, ainda que em algumas narrações possamos nos emocionar com relatos como o de um garoto que pergunta ao pai, que corta uma árvore na neve, "quem somos nós?". O homem responde que somos como aquele tronco, que parece solto, mas tem ligações profundas. E que mesmo aquilo é aparência, por ser passageiro.

"É como no meu caso, que subi numa escada e agora meu braço só estica 70% do necessário", diz o diretor, que sofreu uma queda há dois meses e agora carrega implantado no osso pinos gigantescos, que ele espera ter de suportar por só mais um mês.

Coreografia

Se narrações como essas já haviam sido utilizadas pelo Delírio, o grupo inova agora na estetização dos movimentos, que se tornam uma coreografia recheada de palavras. "Não tem um movimento que não tenha sido coreografado", promete Bueno. Os gestos são embalados por uma trilha criada por ele, presente em quase toda a obra, sobre influência de Philip Glass – um som minimalista, "desenhado no espaço e no tempo".

As fotos de cena divulgadas pelo grupo permitem supor o clima lúgubre sugerido também pela literatura de Franz Kafka.

O público curitibano recebe a peça pela primeira vez com a vantagem de ela já ter passado por diversas outras cidades – o que a deixou "azeitada", nas palavras de Bueno.

Veja registros da peça "Kafka, a vigília"

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