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Maioria das presas retratadas em A Voz Adormecida é analfabeta e sofre durante a noite o terror de serem fuziladas | Divulgação
Maioria das presas retratadas em A Voz Adormecida é analfabeta e sofre durante a noite o terror de serem fuziladas| Foto: Divulgação

Cinema

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Episódio crucial da história da Espanha, a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) é, novamente, o pano de fundo de um drama, A Voz Adormecida, de Benito Zambrano, que entra em pré-estreia neste fim de semana. Adaptando romance de Dulce Chacón (1954-2003), o diretor espanhol percorre um viés menos explorado de um imediato pós-guerra, focalizando o duro cotidiano das detentas da prisão madrilenha de Ventas, em 1940.

A vida das prisioneiras naquele lugar é um eterno compasso da espera mais tétrica. A cada noite, pode acontecer a chamada para integrar os frequentes pelotões de fuzilamento que se sucedem no pátio ao lado. A maioria das presas é analfabeta e ainda não foi submetida a qualquer julgamento, vivendo amontoadas em precárias condições de saúde e alimentação.

Enredo

A história de duas irmãs de Córdoba, Hortensia (Inma Cuesta, de Branca de Neve) e Pepita (María León), conduz o enredo. Militante engajada da esquerda esmagada pelo general Francisco Franco, Hortensia, que está grávida, tenta manter a fibra. Sem convicções políticas e presa apenas pela ligação familiar, Pepita é um retrato de ingenuidade, mas também de lealdade a toda prova.

Libertada, Pepita vai trabalhar como doméstica na casa de um médico (Jesús Noguero), que, por recusar-se a jurar fidelidade ao regime, teve que abrir mão da profissão, tornando-se contador. A situação contraria seu pai, militar, seu irmão, falangista convicto, além da própria mulher – que detesta os esquerdistas, que mataram seus dois irmãos na guerra.

Contrapondo esses contrastes, o filme de Zambrano tece com segurança o contexto de um país dilacerado para desenvolver um melodrama de forte cunho político, mas que se estrutura na personalização dos conflitos em personagens-chave. Elabora, assim, uma inegável simpatia para Pepita – que, apesar de seu descompromisso ideológico, não se furta a fazer arriscados contatos com o cunhado, Felipe (Daniel Holguín), que está na clandestinidade, mantendo viva a chama de uma resistência antifranquista, àquela altura despedaçada.

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