O drama sul-coreano Voluntária Sexual, de Kyeong-duk Cho, levou o grande prêmio do júri desta 33ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que terminou na noite de quinta-feira (5). Polêmico, o filme fala sobre mulheres que se voluntariam a ter relações sexuais com deficientes físicos na Coréia do Sul.
Pode-se dizer que "Voluntária sexual" é "um filme dentro de um filme". Na trama, uma jovem quer fazer um documentário sobre o "sexo voluntário", baseado em suas próprias experiências em um quarto de hotel.
Presente na cerimônia de encerramento - que foi comandada sob chuva pelos apresentadores Serginho Groisman e Marina Person - o diretor agradeceu ao júri por ser "livre de preconceitos". "Sei que tanto o nome quanto o tema de meu filme são polêmicos, mas agradeço ao júri por não encarar isso como um problema. Vocês foram livres de preconceitos", ressaltou Cho.
O cineasta também fez alusão a garoa que caía na noite da premiação e que fez o público presente na Cinemateca, na Vila Clementino, assistir à cerimônia vestindo capas de chuva improvisadas pela organização da Mostra. "Desde pequeno considero os dias de chuva como meus dias de sorte. Eu sempre ia bem nas provas quando chovia. Agora ficou difícil acreditar que seja apenas uma coincidência", brincou.
Outro destaque na premiação principal foi o alemão "Os dispensáveis". A produção foi escolhida nas categorias melhor diretor, Andreas Arnstedt, e ator, Andrè Hennicke.
O júri da Mostra este ano foi formado pelos cineastas Ali Özgentürk, da Turquia, Goran Paskaljevic, da Sérvia, Marcos Bechis, do Chile, Suzana Amaral, do Brasil, e pelo crítico francês Jean-Michel Frodon.
Público x críticos
A opinião dos espectadores da Mostra e dos críticos foram bem diferentes em relação aos mais de 100 filmes de 60 países, exibidos em 17 salas da capital paulista nas últimas duas semanas de maratona cinéfila. Para os especialistas, o iraniano "Ninguém sabe dos gatos persas", de Bahman Ghobadi, foi o melhor filme estrangeiro da programação. Bastante aplaudido em sua primeira exibição, o longa mistura documentário com ficção ao falar sobre a cena de indie rock de Teerã.
Os críticos elegeram como melhor produção nacional "O sol do meio-dia", de Eliane Caffé, que tem Luiz Carlos Vasconcelos, Chico Diaz e Ary Fontoura no elenco.
Já o público elegeu "Abraços partidos", do espanhol Pedro Almodóvar, e "O último dançarino de Mao", do australiano Bruce Beresford, como os melhores filmes internacionais da Mostra. "Carmo", de Murilo Pasta, foi escolhida o melhor longa nacional.
Confira a lista completa dos premiados:
Filmes escolhidos pelo júri
Longa-metragem: "Voluntária sexual" (Coréia do Sul), de Kyeong-Duk Cho
Diretor: Andreas Arnstedt, de "Os dispensáveis" (Alemanha)
Ator: Andrè Hennicke, de "Os dispensáveis" (Alemanha)
Documentário: "O inferno de Clouzot" (França), de Serge Bromberg e Ruxandra Medrea.
Menção honrosa: "Abraço corporativo" (Brasil), de Ricardo Kauffman
Prêmios do público
Longa-metragem nacional: "Carmo", de Murilo Pasta
Longa-metragem estrangeiro: "Abraços partidos" (Espanha), de Pedro Almodóvar e "O último dançarino de Mao" (Austrália), de Bruce Beresford
Documentário nacional: "Dzi Croquettes", de Tatiana Issa e Raphael Alvarez
Documentário estrangeiro: "Tom Zé - astronauta libertado" (Espanha), de Ígor Iglesias Gonzáles
Prêmio da Juventude: "Saída à nado" (Suécia), de Mans Herngren
Prêmios da crítica
Longa-metragem estrangeiro: "Ninguém sabe dos gatos Persas" (Irã), de Bahman Ghobadi
Longa-metragem nacional: "O sol do meio-dia", de Eliane Caffé
Prêmios especiais
Prêmio Aquisição Canal Brasil (Curta-metragem): "O príncipe encantado", de Sérgio Machado e Fátima Toledo
Prêmio Itamaraty (concedido pelo Ministério das Relações Exteriores): Paulo Saraceni (conjunto da obra); "Insone", de Marília Scharlach e Marina Magalhães (curta-metragem); "Dzi Croquetes", de Tatiana Issa e Raphael Alavrez (documentário); "Pixo", de João Wainer e Roberto T. Oliveira (menção honrosa); "Antes que o mundo acabe", de Ana Luiza Azevedo (longa-metragem)