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A Cabana: Young escreveu um relato, para os filhos, que se tornou best seller | Divulgação / Felipe Danuzzo
A Cabana: Young escreveu um relato, para os filhos, que se tornou best seller| Foto: Divulgação / Felipe Danuzzo

Nuances

A Cabana, de uma maneira geral, pode ser analisado como um romance. "Ou um suspense", na definição do autor.

> Mack, o protagonista do livro, se transforma durante a narrativa. A perda da filha é o primeiro ponto de virada, momento em que o personagem central passa a duvidar de tudo.

> O encontro com Deus, Jesus e o Espírito Santo é o segundo ponto de virada, a partir do qual Mack repensa tudo e dá uma guinada em sua trajetória.

> A Cabana sugere um filme. O texto, rápido, escrito em linguagem de fácil assimilação, conduz o leitor e as 240 páginas, da edição brasileira, podem ser fruidas em poucas horas.

> O livro trata, a partir dos incidentes aglutinados, de amor, fé, relacionamentos pessoais e da vida de uma maneira geral. Pode até soar como auto-ajuda, mas não é.

A Cabana é outra coisa, que beira o inclassificável.

> Young costuma ler biografias, livros de teologia, física e cosmologia enquanto fica em casa, numa cidade do estado de Óregon, noroeste nos Estados Unidos, onde vive com a esposa e seis filhos.

Há dois, três anos, o então funcionário de uma pequena empresa norte-americana William P. Young decidiu rascunhar textos a respeito do que seria o seu entendimento de Deus, para deixar os escritos como legado a seus seis filhos. O material ficou pronto ano passado e Young fez, artesanalmente, apenas 15 livros.

Caminhos do boca-aboca e pelas chamadas certas linhas tortas que Deus escreve, a história de Young chamou a atenção de conhecidos, e mesmo desconhecidos. Em maio de 2007, A Cabana foi lançada comercialmente. Até agora, já foram comercializados 4 milhões de exemplares no mundo – 100 mil no Brasil desde o lançamento, pela editora Sextante, na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, em agosto passado.

Young desembarcou no Brasil há dois dias e, mal pisou no solo brasileiro, concedeu entrevista exclusiva, por telefone, à Gazeta do Povo. Hoje à noite, ele conversa com o público curitibano, com tradução simultânea, e autografa, na Livrarias Curitiba do ParkShopping Barigüi, o seu primeiro e único livro, a sensação do mercado editorial em âmbito planetário neste ano.

Em A Cabana, o personagem central, Mack, perde a filha (ela é assassinada) e, a partir dessa tragédia, passa a duvidar do sentido da vida e se questiona: "Se Deus é tão poderoso, por que não faz nada para amenizar o nosso sofrimento?" Então, o personagem tem, ou imagina que teve, um encontro com Deus, Jesus e o Espírito Santo, durante um fim de semana dentro de uma cabana. "É um mistério, como muitas coisas da vida, que são ambíguas. Não sei se o encontro aconteceu ou foi uma impressão", disse Young, no bate-papo com a reportagem.

Transformação

O encontro com Deus e o Espírito Santo (representados por personagens femininas) e Jesus faz com que o protagonista de A Cabana repense a própria existência e os conceitos de fé, amor e perdão. Sobretudo, de acordo com o autor, ele revê seus conceitos sobre o que é ou pode ser Deus. "Muitos de nós fomos criados a partir da idéia de que Deus seria algo inatingível e, neste livro, mostro que Deus aceita as pessoas e é acessível. Daí, então, uma das razões para o sucesso de minha obra junto ao público." A Cabana, devido a tais pontos de vista, agrada, mas também já recebeu críticas contundentes no Canadá, terra natal do autor, e nos Estados unidos.

Young, aos 53 anos, acredita em Deus, no Espírito Santo e na vida real de Jesus Cristo, mas não é católico. Nem tem religião. "Sou um homem de fé." A dor do protagonista dialoga com sofrimentos mais íntimos do autor: em um breve espaço de tempo, Young perdeu um irmão, um sobrinho e uma tia. "A dor de perder um filho é a pior sensação que um ser humano pode vivenciar. Procurei, a partir de minhas experiências, traduzir isso no protagonista de A Cabana."

"Não existe coincidência. Nós humanos que, de um jeito ou de outro, acabamos criando as coisas. Mas há muito mistério. Em tudo." Tal afirmação, inclusive, transcende o enredo do livro, e, para Young, vale para a atual crise financeira que envolve o mundo todo e assusta, em particular, inúmeros habitantes dos Estados Unidos. "Sempre houve crises e essa é apenas mais uma. Quem acredita em Deus, sabe que nada de mal vai acontecer. Mas quem, por exemplo, adquiriu propriedades (casas) sem ter dinheiro vai perder o que, de fato, não era seu. Só vai (embora) o que é falso."

Serviço

O escritor canadense William P. Young autografa o livro A Cabana (240 pág., R$ 19,90) e conversa com o público (com tradução simultânea). Hoje, às 19h30. Livrarias Curitiba Megastore do ParkShopping Barigüi (R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 600, loja T17). Entrada franca. Mais informações pelo telefone (41) 3330-5160.

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"Jesus terminou de comer o sanduíche, fechou o saco do lanche e colocou-o ao lado, no tronco. Limpou algumas migalhas presas ao bigode e à barba curta."

Trecho de A Cabana•••

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