Na noite fria de quinta-feira (27), a cantora Fafá de Belém mostrou em Curitiba, no Teatro Positivo, uma característica pouco destacada em suas intensas performances em 30 anos de carreira: a técnica vocal apurada.
O começo do show, promovido pela Volvo, exigiu algumas finalizações em grave de frases musicais mais altas. Com a evolução do repertório, aberto com o clássico bolero "Foi assim", de Paulo André e Rui Barata, Fafá liberou o vozeirão e os agudos potentes. E também as gargalhadas sonoras que não economizava nas tardes de sábado, na Discoteca do Chacrinha.
Na plateia, com metade das poltronas ocupadas, a cantoria afinada, com fraseado modulado, foi acompanhada pelo coro discreto de fãs muito fiéis. Na maioria, gente da mesma faixa etária da paraense de 57 anos mais festejada pela exuberância do que pelo apuro técnico. E Maria de Fátima Palha de Figueiredo mostrou que ainda frequenta o time das grandes cantoras brasileiras.
A cantora foi acompanhada pela Opus Orquestra de Câmara, sob a regência de Leonardo Cunha, e com a participação especial do maestro Luis Karam - irmão do falecido jornalista Manoel Karam -, espécie de escudeiro de Fafá, sempre ao piano, há muitos e muitos anos.
Do repertório, um destaque especial para "Todo o sentimento", de Chico Buarque, cuja interpretação apaixonada preparou o público para as emoções que viriam com as canções de fundo religioso "Nossa Senhora", de Roberto Carlos, e "Ave Maria", de Vicente Paiva e Jaime Redondo que ela cantou para os papas João Paulo II e Bento XVI, e que cantará para Francisco no mês que vem, segundo informou durante o show.
No crescendo para as lágrimas de senhoras e senhores, Fafá debulhou-se em "Coração de Estudante", de Milton Nascimento, e na sua conhecida versão para o Hino Nacional, que fez a plateia levantar e se empertigar.
Não sem antes lembrar da participação nas Diretas Já e de comparar aquele momento com a fervura cívica que tomou conta das ruas no país, nas últimas semanas. Boa de voz e de timing.
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