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Cinema

Filme brasileiro recebe elogios e aplausos e se credencia à Palma de Ouro em Cannes

Publicações inglesas e americanas elogiaram o longa “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, e a atuação de Sonia Braga. Após a exibição, o filme foi aplaudido pelos jornalistas que assistiram à sessão

A atriz Sonia Braga: destaque em Cannes | LOIC VENANCE/AFP
A atriz Sonia Braga: destaque em Cannes (Foto: LOIC VENANCE/AFP)

Uma metáfora sobre o Brasil da corrupção e do cinismo, além de um denso retrato de sua personagem principal, “Aquarius”, filme de Kleber Mendonça Filho, é uma “rica e misteriosa” história de desintegração social, na avaliação do jornal britânico “The Guardian”.

O filme, único brasileiro na disputa pela Palma de Ouro, recebeu uma enxurrada de elogios da imprensa internacional após sua exibição no Festival de Cannes, nesta terça-feira (17).

A crítica de Peter Bradshaw, do “Guardian”, dá quatro estrelas (de um total de cinco) ao longa. Para o autor do texto, o filme peca apenas ao recorrer, no fim da trama, a um certo “deus ex machina” -expressão que define uma resolução inverossímil a um problema dramático.

Destaque para Sonia Braga

O também britânico “The Telegraph” diz que “Aquarius” fará qualquer um querer se mudar para o Brasil e destaca a atuação de Sonia Braga, que vive Clara, uma crítica de música aposentada e viúva às turras com uma construtora com planos de demolir o prédio em que ela vive.

“Braga foi presenteada com um papel denso e multifacetado, e ela mergulha nele com maestria brilhante, leonina, investindo no personagem com uma dignidade duramente conquistada”, afirma a publicação.

A revista “Variety”, uma das mais importantes da indústria cinematográfica dos EUA, também elogia o trabalho da atriz, a quem classifica como “incomparável”, e define Mendonça Filho como “uma nova importante voz do cinema brasileiro”, que sabe dominar os espaços em cena em é um “mestre” no trabalho com os sons.

“‘Aquarius’ é um estudo de personagem, bem como uma reflexão perspicaz sobre a transitoriedade desnecessária de lugares e da forma como os espaços físicos refletem em nossa identidade.”

A publicação prevê ainda que o longa provavelmente será aclamado em festivais pelo mundo, mas poderá sofrer resistência de distribuidores por causa de seu tempo de duração -duas horas e 25 minutos.

“Aquarius” tem um tom mais arejado que “O Som ao Redor” (2013), primeiro longa-metragem de ficção do diretor que o alçou ao alto escalão do cinema nacional, na opinião da americana “The Hollywood Reporter”.

O filme pode decepcionar os que esperam por uma estética experimental, como a de seu antecessor, mas é “cativante” e “funciona melhor” como um retrato de personagem sério e versátil, segundo a revista.

Aplausos

Em Cannes, “Aquarius” teve sua primeira exibição na sala Bazin -espaço menor do que os outros em que os filmes da competição em geral são projetados. Ao final, o longa foi aplaudido pelos jornalistas que lotaram o local.

A nova produção de Mendonça Filho guarda elementos de “O Som ao Redor”: a discussão sobre o espaço físico (público e privado), as diferenças de classes sociais (no novo filme evidenciadas na personagem vivida por Zoraide Coleto, empregada doméstica de Clara), a cuidadosa construção sonora.

Mas o novo filme concentra na protagonista vivida Clara toda a dramaturgia — é ela, e não um círculo de personagens como no longa anterior, a escolhida para dar voz ao mote da história: um libelo sobre a memória das coisas.

Concorrência

“Aquarius” compete com outros 20 títulos pela Palma de Ouro. Entre seus mais fortes concorrentes estão os elogiados “Paterson”, do diretor americano Jim Jarmusch, e a comédia alemã “Toni Erdmann”, de Maren Ade.

A última vez que o Brasil disputou o prêmio foi em 2012 com “Na Estrada”, coprodução com outros países dirigida por Walter Salles, que também competiu em 2008 por “Linha de Passe”, codirigido por Daniela Thomas. Salles, aliás, é produtor de “Aquarius”.

O Brasil ganhou a Palma de Ouro uma vez: em 1962, por “O Pagador de Promessas”, de Anselmo Duarte.

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