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“O Sapateiro de Brodósqui”, de 1941. Obra faz parte da Coleção Castro Maya, maior acervo de obras de Portinari |
“O Sapateiro de Brodósqui”, de 1941. Obra faz parte da Coleção Castro Maya, maior acervo de obras de Portinari| Foto:

Historicamente, a relação entre mecenas e artistas era baseada em compra e venda: um patrocinava e investia na obra do outro, que, por sua vez, tinha a chance de apresentá-la ao público. Mas para o colecionador Castro Maya (1894-1968) e Candido Portinari (1903-1962), um dos maiores nomes da pintura modernista do Brasil, o profissionalismo ganhou contornos de amizade e cooperação. Sob esse foco o Museu Oscar Niemeyer abre amanhã a mostra Portinari na Coleção Castro Maya, em cartaz até o dia 19 de julho.

Serão 58 obras em exposição, entre pinturas, desenhos e gravuras, além de fotos, livros e documentos. E mais alguns trabalhos "ocultos", como definiu a curadora Anna Paola Batista. "Há livros raros que estão expostos na vitrine, mas que estão abertos só em uma página. Dentro, existem outros desenhos originais. Haverá também um slide show contemplando algumas das obras", explicou Anna.

A exposição não foi organizada como de costume, ao levar em consideração alguma fase específica da carreira do criador. Ela expõe da maneira mais natural possível a relação entre colecionador e artista, que começou em 1942.

"Castro Maya contratou Portinari para ilustrar uma reedição do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis", disse a curadora. A amizade cresceu. Já no ano seguinte, o artista deu a seu mecena um presente de Natal: Retrato de Castro Maya.

"Geralmente esses retratos eram feitos por encomenda. Era a forma tradicional de os artistas ganharem a vida. Nesse caso existiu uma diferença porque foi um presente. O retrato foi pintado como um gesto de amizade", explicou Anna.

No retrato, Portinari foi sóbrio e respeitoso. "Ele tinha como característica colocar fundos que fizessem menção à pessoa retratada. Nesse caso, o fundo foi neutro. Foi a interpretação dele".

Adquiridas entre as décadas de 1940 e 1960, os trabalhos expostos no MON pertencem à Coleção Castro Maya, hoje o maior acervo público de obras do pintor, reunido no Museu Chácara do Céu, no Rio de Janeiro.

"Encomendas, doações e aquisições foram enriquecendo o acervo e o fluxo de obras continuou mesmo após a morte do pintor em 1962", comentou a curadora. Castro Maya continuou a negociar e a perseguir as pinturas de Portinari até às vésperas da própria morte.

O artista criou, por exemplo, 21 desenhos em lápis de cor para a série Dom Quixote, a pedido da editora José Olympio. A edição não saiu. "Portinari não quis vender essas obras a Maya. Mas, depois de sua morte, Maya vai até a família e consegue adquiri-las", disse Anna.

"Menino com Pião", "Grupo de Meninas Brincando", "Lavadeiras" e "Morro nº 11", são alguns dos trabalhos apresentados no núcleo Colecionador, que destaca a relação profissional estabelecida entre os dois.

Na subdivisão Mecenas, é possível encontrar as obras que resultaram de encomendas, como as gravuras "Menino a Chupar Cana", "Velha Totonha" e "Homem a Cavalo".

Amigos é título do terceiro núcleo, em que o foco é para todos os registros, fotos, documentos e obras, como o "Retrato de Castro Maya", que testemunham o afeto e as afinidades que uniram Portinari e Castro Maya.

Serviço

Portinari na Coleção Castro Maya: Museu Oscar Niemeyer (R. Mal. Hermes, 999), (41) 3350-4400. Terça a domingo, das 10 às 18 horas. De 21 de março a 19 de julho. R$ 4 (adultos), R$ 2 (estudantes) e livre para crianças até 12 anos, maiores de 60 anos, no primeiro domingo de cada mês e para visitas pré-agendadas de escolas públicas.

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