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Livro

Os Embaixadores (foto ao lado)

Henry James. Tradução de Marcelo Pen. Cosac Naify, 608 págs., R$ 99. Romance.

Herman Melville tem Moby Dick. James Joyce, Ulisses. E Henry James (1843-1916) fez Os Embaixadores, livro quase mítico dentro de sua bibliografia, da qual fazem parte os romances O Retrato de uma Se­­nhora e A Volta do Parafuso.

Pela primeira vez traduzido no Brasil, num trabalho cuidadoso de Marcelo Pen – que estuda os textos de James há anos –, Os Em­­bai­­xadores ganha uma edição colossal. Além do projeto gráfico inspirado, o volume traz três bônus: uma nota introdutória feita por James (que tinha o costume de apresentar seus trabalhos e refazê-los de modo incansável), um posfácio do tradutor e um ensaio de Ian Watt concentrado no parágrafo inicial da história.

O tal parágrafo agarra o leitor pelo colarinho porque é fácil passar por ele sem saber quem diz o quê. Não à toa, virou objeto de estudo para Watt.

Por que ler: A trama fala de Louis Lambert Strether, um homem de meia idade que viaja para a Europa com a missão de trazer um jovem norte-americano de volta para os Estados Unidos. Ele se chama Chadwick e deve assumir os negócios da família em Massachusetts. O problema é que Strether acaba sendo seduzido pela sofisticação europeia, um pouco como o próprio James, ianque que se naturalizou britânico.

HQ

Clic (foto 1)

Milo Manara. Conrad. 242 páginas. R$ 74,90. Quadrinhos.

A obra que trouxe fama e reconhecimento internacional do mestre dos quadrinhos eróticos, Milo Manara, é reeditada agora pela Conrad. Em capa dura, estão as quatro edições da série, lançada originalmente em 1983.

Clic traz as desventuras de Claudia Christiani, fina e recatada dama da alta sociedade. Sexual­­­mente reprimida, ela é vítima das artimanhas do doutor Fez, seu admirador secreto e criador de um aparelho que provoca em Claudia uma insaciável libido – isso só com o clique de um botão. Refém dessa invenção insólita, Claudia precisa agora enfrentar seus desejos mais íntimos toda vez que o aparelho do Dr. Fez é acionado. E são muitas.

Em Clic, o universo de Manara é novamente recriado. Há mulheres belas e elegantes em cenários fantásticos envolvidas em situações eróticas improváveis.

Por quê ler: Milo Manara é indiscutível. Seu talento para desenhos eróticos refinados, aliado à habilidade na criação de histórias envolventes tornou Clic uma obra bastante apreciada entre críticos e leitores. A reedição chega na hora certa

CD 1

Depontacabeça (foto 2)

Áurea Martins. Biscoito Fino. Preço médio: R$34,90. Samba O amor é triste na voz da cantora Áurea Martins. O disco anterior da carioca, Até Sangrar (2008), o primeiro lançado pela gravadora Biscoito Fino, já vinha sobrecarregado do sofrimento romântico que tornava o título autoexplicativo. É um bom sinal que a gravadora não tenha se demorado a investir em mais um registro do seu canto, moldado em décadas de apresentações pelas noites do Rio de Janeiro, mas a conta ainda está deficitária: Depontacabeça, o novo trabalho, é apenas o quarto álbum da cantora em 50 anos de carreira.

Todo o CD se debruça sobre o cancioneiro de Hermínio Bello de Carvalho – responsável por apresentá-la a Olívia Hime, diretora artística da Biscoito Fino. Aos 70 anos, Áurea canta o amor que sufoca ("Só o Amor Constrói"), algema e encurrala ("Me Diz, Ó Deus"), mata de saudades ("Sete Dias"), enfim, dói ("Desapreço").

A atmosfera melancólica e soturna fica um tom abaixo do desespero – e da sofisticação – do álbum anterior, e culmina no samba mais conhecido e esperançoso do conjunto, com a participação do compositor nos vocais: "Pressentimento", dos versos "vem, que o sol raiou/ os jardins estão florindo...".

Por que ouvir: Disco de autor e temática únicos, Depontacabeça oferece um repertório coeso para Áurea Martins desempenhar um dos papéis que mais a agradam como intérprete, o de elegante porta-voz de lamúrias sentimentais filtradas pela dignidade de seu timbre rouco.

DVD (foto 3)

Coleção Hector Babenco

Europa Filmes. Oito filmes. Preço médio: R$ 229,50. drama.

Nascido na Argentina, mas com uma obra brasileira em sua essência, Hector Babenco se tornou um dos protagonistas do cinema brasileiro já na década de 70, como o êxito do drama policial Lúcio Flávio – O Passageiro da Agonia (1977), baseado na história real do "Ban­­dido de Olhos Verdes" que fez história nas páginas policiais do Rio de Janeiro. Três anos mais tarde, Pixote – A Lei do Mais Fraco (1980), faria de Babenco um nome internacional, rendendo-lhe inúmeros prêmios mundo afora, como o do prestigidíssimo Círculo de Críticos de Cinema de Nova York (1981. To­­do esse reconhecimento abriu ao diretor caminho para O Beijo da Mu­­lher Aranha (1985), baseado no ro­­mance homônimo do argentino Ma­­nuel Puig (1932-1990) e realizado em regime de coprodução entre o Brasil e os Estados Unidos. O longa disputou o Oscar de melhor filme, direção, roteiro adaptado e deu a William Hurt a estatueta de me­­lhor ator.

Esta caixa caixa inclui oito longas de Babenco: O Rei da Noite (1975), Lucio Flávio, o Passageiro da Agonia (1977), Pixote, a Lei do Mais Fraco (1980), O Beijo da Mulher Aranha (1985), Brincando nos Campos do Senhor (1991), Coração Iluminado (1996), Carandiru (2003) e O Passado (2007). Ficou de fora, por uqestões contratuais, apenas Ironweed, com Jack Nicholson e Meryl Streep.

Por que ver e ter: Seja no drama penitenciário Carandiru, que fez mais de 4 milhões de espectadores no Brasil, ou em títulos menos conhecidos, co­­mo a su­­perprodução norte-ame­­ricana Brincando nos Campos do Senhor, rodada na Amazônia, Ba­­benco sempre prova ser um ex­­celente diretor de atores e um grande contador de histórias adultas que nunca subestimam o espectador.

Exposição

Vasarely (foto 4)

Serigrafias de Victor Vasarely, no Museu Oscar Niemeyer – MON (R. Mal. Hermes, 999), (41) 3350-4400. De terça a domingo, das 10 às 18 horas. R$4 (adultos), R$2 (estudantes), livre (crianças até 12 anos, maiores de 60 e escolas públicas pré-agendadas). Até 27 de março.

O filósofo Walter Benjamin anunciou o fim da aura da obra de arte no ensaio "A Obra de Arte na Era da Reprodutibilidade Técnica", de 1936, ao analisar a experiência es­­tética no momento em que a distinção entre original e cópia deixava de fazer sentido. O pintor e escultor húngaro radicado na França, Vic­­tor Vasarely (1908-1997), assim co­­mo Benjamin, via na reprodução massiva das obras uma maneira de torná-las um "tesouro coletivo", do qual todos podem participar, e não apenas as elites intelectuais e econômicas.

Sob esta concepção, o artista desenvolveu um significativo conjunto de serigrafias, hoje aos cuidados da Coleção Fundação Museus Nacionais da República Bolivariana da Venezuela, que podem ser vistas até o fim de março no Museu Oscar Niemeyer. São obras formuladas a partir do conceito de "unidade plástica", ou seja, de um alfabeto de cores e formas exatas que revelam sua visão espiritual do mundo: simplicidade, nobreza, equilíbrio, se­­paração da arte das impurezas da vida prosaica e da pressão do tempo.

Confira: As serigrafias de cores contrastantes e formas com ilusão tridimensional permitem conhecer um aspecto da obra de Vasarely, considerado o pai da "Op Arte" (abreviatura de arte óptica), cuja contribuição principal foi construir uma linguagem artística, à época revolucionária, que compreende a geometria, a física, os avanços tecnológicos, a química e os elementos plásticos.

CD 2

All Day (foto 5)

Girl Talk. Illegal Art. Download gratuito cedido pelo artista no site www.illegal-art.net/allday

Antes de embarcar em sua mais recente turnê sul-americana, em novembro (com direito a uma apresentação no Brasil, no festival Planeta Terra), o produtor Gregg Gillis, mais conhecido como Girl Talk, liberou para download no site do selo Illegal Art, seu quinto álbum, All Day.

Boa parte do material pode ser conferido ao vivo durante a insana apresentação brasielira de Gillis (ele é famoso por chamar dezenas de fãs ao palco e sempre acabar sem roupa), mas quando se está dançando freneticamente ao som de seus mash-ups (remixes que mesclam diversos trechos de canções) fica difícil perceber a riqueza sonora de seu repertório.

Condensando cinco décadas de música pop em remixes inigualáveis, Gillis prova com All Day ser o mestre supremo no que se propõe a fazer. E desta vez, com os olhos voltados aos clássicos do rock, com especial ênfase nos anos 90. Os vocais de Ozzy Osbourne e a guitarra de Tony Iommi em "War Pigs" (Black Sabbath) é a base para "Oh No", faixa de abertura do disco. Já em "Jump on Stage", Gillis encaixa os vocais dos Beastie Boys em "Lust for Life" (Iggy Pop).

Por que ouvir: O rock dos anos 80 marca "This Is the Remix" – com trechos de "Sunday Bloody Sunday" (U2) e "Suicide Blonde" (INXS) – e "Make Me Wanna", em que ele mistura Cyndi Lauper ("Time after Time"), Bruce Springsteen ("Dancing in the Dark" ) e Flock of Seagulls ("I Ran So Far Away"). Mas também não faltam matérias-primas atuais, como Lady Gaga (o refrão de "Poker Face" inicia "Get It Get It"), Arcade Fire, Phoenix e várias outras a serem descobertas à medida que o ouvinte se embrenha nas inúmeras camadas de All Day.

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