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DVD

500 Dias com Ela (foto 1)Estados Unidos, 2009. Direção de Marc Webb. Classificação Indicativa: 12 anos. Locação. Comédia/Romance. Há filmes que merecem um período de "metabolização" depois de serem vistos. Alguns, por serem densos, complexos e exigirem um maior esforço intelectual do espectador. Outros vão em outra direção, por uma via mais sensível. Parecem simples, mas demandam tempo para que produzam um impacto mais emocional. Esse é o caso de 500 Dias com Ela, que chega nesta semanas às locadoras em DVD e Blu-ray.Simples à primeira vista, o longa de Marc Webb, vendido como comédia romântica, traz significados menos óbvios embutidos na história, com mais camadas do que parece ter. A começar pelo seu aspecto formal, que surpreende o espectador ao quebrar a linearidade temporal da narrativa e embaralhar os vários dias do caso de desamor entre Tom (Joseph Gordon-Levitt) e Summer (Zooey Deschanel).

O protagonista,Tom, é um dos personagens masculinos mais interessantes dos últimos tempos. A sutileza de Gordon-Levitt (não deixem de conferir o pertubador Mistérios da Carne, de Gregg Araki) e o ótimo roteiro de Scott Neustadter e Michael H. Weber fazem dele uma figura ao mesmo tempo melancólica, patética e enigmática, porque também consegue ser sedutor.

Arquiteto frustrado, Tom trabalha como autor de texto para cartões (de aniversário, casamente, pêsames etc). É o que os americanos chamam de loser, um termo péssimo. Leva uma vida morna, sem sobressaltos, até que conhece Summer, uma garota encantadora e independente que, como ele, gosta dos Smiths e o fascina de todas as formas possíveis.

Só que há um desequilíbrio entre o que Tom sente por Summer e o que ela desenvolve por ele. E o filme pretende, percorrendo a história dos dois, explicar o impacto dessa paixão que se prova unilateral na vida de Tom. O ponto de vista de Zooey, misteriosa e reservada, nos é sugerido por meio de pistas, nunca com um diagnóstico claro.

O filme traz algo de novo: apresenta de forma nada maniqueísta o homem como elo mais fraco de uma relação matizada, não predatória, mas que o corrói emocionalmente aos poucos. (PC)

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CD

Battle Studies (foto 2)

John Mayer. Sony BMG. Preço médio: R$ 29,90. Pop rock.

Desde que estourou, em 2001, com seu primeiro álbum de estúdio, Room for Squares, John Mayer tornou-se o queridinho da crítica norte-americana e dos "descolados" frequentadores da rede de cafés Starbucks. Tor­­nou-se cool ouvir sua música. Capaz de misturar elementos do rock, do blues e do folk em uma embalagem de irresistível apelo pop, o rapaz vem emplacando sucessivos hits radiofônicos, como "Daughters" e "Say", vendendo milhões de cópias e abocanhando uma penca de troféus Grammy. E ele tem apenas 32 anos.

Em Battle Studies, seu quarto CD, o tema dominante é o amor em suas várias formas. A primeira audição proporciona uma certa sensação de "mais do mesmo", porém, vale a pena insistir e "descamar" o disco. Ele é bem mais interessante do que aparenta. Mayer – capa da penúltima edição norte-americana da Rolling Stone– apresenta-se melhor cantor, compositor e guitarrista.

Formado pelo renomado Berklee College of Music, de Boston, o artista tem um grande mérito: suas canções, por mais simples que aparentem ser, costumam ter melodias bem trabalhadas, ainda que acessíveis, e valorizadas por arranjos feitos sob medida. É o caso do primeiro single do álbum, a minimalista "Who Says". Sua letra, graciosa, profecia: "Quem diz que não posso me livrar/ de todas as coisas que eu costumava ser/ Reescrever minha história". De certa maneira, é o que Mayer vem buscando fazer, álbum a álbum, mas sem deixar suas características básicas.

Battle Studies, no entanto, não conta apenas com criações de Mayer. O álbum inclui, ainda, "Crossroads", releitura encorpada para o clássico de Robert Johnson, um dos maiores nomes do blues. (PC)

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Livro 1

Até Mais, Vejo Você Amanhã (foto 3)

William Maxwell. Alfaguara, 168 págs., R$ 32,90. Romance.

"Duvido muito que, por mais de 50 anos, eu me lembrasse do assassinato de um meeiro em quem nunca pus os olhos, se (1) o assassino não fosse pai de uma pessoa que eu conhecia e (2) se eu não tivesse feito, mais tarde, uma coisa de que depois me envergonhei", escreve William Maxwell no capítulo "O Período de Luto". Am­­bientada nos anos 1920, a história fala da amizade de dois garotos que acaba com o assassinato cometido pelo pai de um deles. Adulto, o narrador tenta reconstruir os eventos que culminaram com a morte, mas não encontra informações suficientes nos jornais da época. É quando apela para a me­­mória, lembrando do amigo Cletus, e para a imaginação. Entre os exer­­cícios que faz, está o de su­­por o que seu camarada teria presenciado na semana que antecedeu o assassinato. O autor, William Maxwell (1908-2000), foi o editor da área de ficção da revista The New Yorker por quatro décadas. Do título ótimo à narrativa sem qualquer gordura, Até Mais, Vejo Você Amanhã fala sobre perda, juventude e amizade. Este é o primeiro livro de Maxwell a sair no Brasil. Existem outros cinco romances, três coletâneas de contos, livros de memórias, um livro infantil e uma coletânea de ensaios e críticas literárias. (IBN)

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HQ

O Corvo em Quadrinhos (foto 54)

Edgar Allan Poe. Adaptação de Luciano Irrthum. Peirópolis. 48 págs. R$35. suspense

O célebre poema O Corvo(The Raven), do escritor norte-americano Edgarl Allan Poe, ganhou nova e interessante versão em HQ. O texto, traduzido por Machado de Assis, faz parte da coleção Clássicos em Quadrinhos, da Editora Peirópolis, e renasce nas mãos do quadrinista mineiro Luciano Irrthum, que expressa irreverência ao lirismo e à força mágica da obra original.

Com traços ligeiramente grosseiros e debochados, a musicalidade gótica do poema e atmosfera sombria e sobrenatural são mantidas. A temática romântica persiste, e o assombroso corvo que pousa sobre o busto de Pallas consegue dar a real dimensão do mal por que passa o personagem principal ao perder Leo­­nora, seu grande amor.

Esta é a terceira versão do artista para a adaptação. A primeira, Irrthum publicou em formato de fanzine. Na segunda, em forma de exercício criativo, o artista transferiu o cenário do poema para uma favela carioca. Luciano Irrthum, o responsável pela proesa, é mineiro, designer gráfico, ilustrador, quadrinista e artista gráfico. Também é autor de A Comadre do Zé, da editora Graffiti. (CC)

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Livro 2

Não Conte a Ninguém (foto 5)

Harlan Coben. Sextante. 256 págs. R$ 29,90. Romance.

O escritor norte-americano Harlan Coben consegue deixar o leitor com medo. Sim. Seguir linha após linha, virar uma página escrita por Co­­ben é uma experiência que pode deixar o leitor transtornado.

Autor de mais de 15 livros, vencedor de diversos prêmios, ele não deixa de surpreender, cada vez mais, a exemplo do que se lê em Não Conte a Ninguém.

É um romance. Mais que isso: é uma longa narrativa repleta de incidentes, que tendem a prender a atenção do interlocutor o tempo todo.

O personagem central, o médico David Beck, durante toda a vida um "homem de bem", será descontruído. Há anos, a sua esposa, Elizabeth, foi assassinada (ele estava no local do crime). Durante o presente narrativo, ela aparentemente retorna ao convívio do marido, por meio do universo virtual (pela internet).Simultaneamente, alguns crimes acontecem e, sem poder se defender, Beck será acusado da maior parte desses incidentes.

O talento de Coben é tamanho que o leitor, página após página, praticamente "assume" o "posto" de Beck, pois a narrativa é em primeira pessoa (o que aproxima o leitor de quem narra), e o medo (de vir a ser vítima de alguma ação violenta) quase domina quem lê esse livro eletrizante, muito bem escrito e repleto de surpresas e cenas muito bem realizadas. (MRS)

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