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O Grupo Baader Meinhof: filme é adaptado do livro do jornalista Stefan Aust sobre a Facção do Exército Vermelho da Alemanha | Divulgação
O Grupo Baader Meinhof: filme é adaptado do livro do jornalista Stefan Aust sobre a Facção do Exército Vermelho da Alemanha| Foto: Divulgação

São Paulo - Há na Alemanha quem diga que o estudante Andreas Baader e a jornalista Ulrike Meinhof foram ingênuos em seu idealismo e são heróis nacionais. Mas há quem não duvide que a dupla liderou um dos mais violentos grupos terroristas que atuaram durante o século 20, a Facção do Exército Vermelho (em alemão: Rote Armee Fraktion – RAF). Adaptado do livro de Stefan Aust, Der Baader Meinhof Complex, publicado em 1985, estreia nesta sexta-feira, no Uni­ban­co Arteplex, o longa-metragem O Gru­­po Baader Meinhof, indicado este ano ao Oscar de me­­lhor filme estrangeiro (perdeu para o japonês A Partida), ao mostrar uma visão contemporânea da luta da RAF contra o Estado.

Conhecido por Baader-Meinhof, foi atribuída ao grupo terrorista uma série de atentados a bomba, assaltos a bancos e mortes. As ações culminaram no chamado Outono Alemão, em 1977, com o sequestro e a libertação dos passageiros do avião da em­­presa aé­­rea Lufthansa e o assassinato do presidente da Asso­cia­­ção dos Em­­pre­ga­dores alemão, Hanns Martin Schleyer.

Dirigido por Uli Edel (Eu, Cristiane F., 13 anos, Drogada e Prostituída, de 1981), o filme tem no elenco Moritz Bleib­treu (como Baader), Martina Gedeck (Meinhof) e Bruno Ganz, como Horst Herold, chefe da força policial responsável por caçá-los.

O enredo foi escrito de uma forma a não julgar se as razões que levaram o estudante e a jornalista a criarem o grupo foram certas ou erradas. Tanto que os diálogos se baseiam em documentos originais, discursos, textos e relatos de testemunhas, além de terem sido usadas fotografias e jornais da época como referência. Cabe ao espectador dar o veredicto se a violência e as mortes, segundo o contexto da época, são justificáveis.

Fica claro que a democracia alemã, num país dividido entre o comunismo e o capitalismo, ainda é frágil. Baader e Meinhof, assim como muitos outros jovens, são filhos da geração dominada pelo nazismo e guardam dentro de si um ressentimento grande por saber que seus pais tiveram participação na guerra.

No mundo dividido pela cortina de ferro, o grupo elege o novo inimigo: o imperialismo americano, que encaram como uma nova forma de fascismo. Seu objetivo é criar um mundo mais humano, mas ao optarem por pegar em armas e espalhar o terror, ao mesmo tempo em que ganham aliados, despertam também a ira do estado alemão. Por fim, eles perdem o controle do grupo e o senso de justiça que norteou a sua criação.

Outras passagens, como o conturbado treinamento mi­­litar com terroristas islâmicos na Palestina, estudos de tratados comunistas e até as greves de fome que eles fizeram na prisão foram muito bem retratados no longa-metragem. Longe de saciar as polêmicas com relação ao heroísmo do grupo, o filme cumpre o papel de apresentar a fatal aventura de jovens idealistas.

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