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As personagens são interpretadas por Gabriela Geluda | Calé Merege/Divulgação
As personagens são interpretadas por Gabriela Geluda| Foto: Calé Merege/Divulgação

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Solo, de Jocy de Oliveira

Capela Santa Maria – Espaço Cultural (R. Cons. Laurindo, 273), (41) 3321-2840. Hoje, às 20 horas, e amanhã, às 18h30. Os ingressos custam R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada). A bilheteria abre às 19 horas de hoje e às 17h30 de amanhã.

  • Jocy (no centro) com Rodrigues e Gabriela

A ópera de bolso Solo, da premiada compositora Jocy de Oliveira, será apresentada hoje e amanhã, na Capela Santa Maria.

Interpretada pela soprano e atriz carioca Gabriela Geluda, a peça conta, em narrativa não linear e apoiada por recursos multimídia, as histórias de três personagens – La Loba, baseada em um conto mexicano; Medeia, da mitologia grega; e Diva, inspirada na imagem da diva na ópera, que inclui uma interpretação gravada de Fernanda Montenegro.

Uma quarta parte, eletroacústica e baseada no raga indiano, é tocada pelo oboísta Ricardo Rodrigues. São nove segmentos sem interrupção. A obra estreou em 2007 e já foi apresentada em Salzburgo (Áustria), Berlim (Alemanha), Campos do Jordão e Rio de Janeiro – cidade onde Jocy é radicada.

Passando de uma personagem à outra durante toda a peça, Gabriela usa técnicas vocais estendidas, toca instrumentos étnicos e muda de figurino em cena. "Isso flui de uma maneira muito impactante", conta Jocy, que trabalha com a soprano há mais de 20 anos. "Ela é uma especialista, tanto na minha música quanto na música contemporânea. Sempre brinco que, se Maria Callas (1923-1977) ressuscitasse, não seria capaz de cantar o que quero", elogia a compositora.

Ao transpor fronteiras entre música, cena e vídeo, Jocy propõe uma "ópera multimídia", embora não use terminologias para etiquetar seu trabalho. "Estamos em um momento em que existe uma abertura. Não temos mais aquele policiamento que houve no passado", explica. "Isso é uma vantagem, porque usa-se uma mistura de técnicas. Há muito mais liberdade."

Os recursos eletrônicos têm sido uma tônica na obra de Jocy, que foi pioneira ao reformular a ópera com esse tipo de ferramenta. Desde os anos 1960 a compositora já trabalhava com eletroacústica analógica. "É uma linguagem que está muito dentro daquilo que eu faço. Mas as tecnologias são um meio, e não o fim", explica a compositora, que tem oito óperas – todas dirigidas por ela mesma.

Cidade natal

A compositora nasceu em Curitiba, em 1936, mas se mudou ainda criança. Seu pai e sua avó moraram na capital paranaense até o fim da vida, o que manteve os vínculos da musicista com a cidade. No entanto, apesar de sua expressiva carreira internacional, Jocy diz que não se apresentava na cidade desde a década de 1970. "Talvez por uma falta de informação de que eu tenha nascido aí", especula Jocy, "porque é mais lógico que eu faça algo em Curitiba que em outras cidades do Brasil", diz.

"Em termos comparativos, Curitiba é uma cidade com muito mais potencial que Florianópolis (SC), por exemplo, que é menor. Mas já fizeram eventos comigo lá, e aqui nada", lamenta a compositora. "É uma pena, não há dúvidas. Mas não sei os motivos. É um mistério."

Também pianista e escritora, a curitibana está prestes a lançar no Brasil seu novo livro, Diálogo com Cartas, que compila mais de 100 correspondências suas com grandes compositores contemporâneos que a regeram ou a dedicaram obras, como Stravinski, John Cage, Berio e Claudio Santoro, além de Messiaen e Stockhausen.

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