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Gustavo Krelling se interessou por figurinos quando ainda era criança. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Gustavo Krelling se interessou por figurinos quando ainda era criança.| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Seja na ópera ou no teatro, o universo do artista visual e figurinista Gustavo Krelling é de Carnaval. Mesmo não literal, as obras do artista, seja no figurino in loco ou nos delicados croquis – atualmente, todos os desenhos realizados entre 2010 e 2015 estão em exposição no Espaço Hoy, em Curitiba –, remetem às grandiosas fantasias. Pudera: o catarinense, radicado na capital paranaense, começou a carreira artística nos bastidores da escola de samba Imperatriz Leopoldinense.

Então com 17 anos, ele cursava Indumentária na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e começou um estágio na ala de adereços da Imperatriz com o carnavalesco Sérgio Faria. Lá, ajudou a fazer os maiores figurinos e perucas que já viu, e se apaixonou pelo universo e bastidores que envolve pintores, escultores, marceneiros, ferreiros, entre outros profissionais. “O Carnaval é muito legal porque você tem a visão em 360 graus da coisa. Você se envolve até no desfile, arruma algo, ajuda alguém a entrar no carro alegórico. É emocionante”, fala Gustavo, que acabou deixando o curso no Rio de Janeiro para fazer Artes Visuais na UFPR. Só não abandonou de vez o Carnaval: por seis anos, passava as férias trabalhando na Imperatriz.

Em Curitiba, o trabalho de figurinista se voltou para um mundo supostamente oposto: o da ópera. A exposição Fantasias em Croquis traz esses estudos dos figurinos que Gustavo fez para montagens como a francesa Didon (2011), dos alunos do curso de Música da UFPR, e outras como O Beco (2013) e O Elixir do Amor (2014). Por se tratar se espetáculos com baixo orçamento, o artista busca saídas e usa o máximo de materiais alternativos que pode, como sacos de lixo e até rolinhos de papel higiênico.

MOstra

Fantasias em Croquis

Espaço Hoy (R. Coronel Dulcídio, 540 – Batel, Estídio 5), (41) 3779-6204. Visitação de segunda a sexta-feira, das 10h às 18 horas. Entrada franca. Até 9 de março.

Nos croquis, além do nanquim e da aquarela, ele também incorpora os elementos incomuns, como plásticos de tapumes de demolição, que usará num figurino de Missas Africanas, espetáculo que deve ser executado pela Federal esse ano. Todos os projetos são permeados pela bagagem de história da arte, o que não deixa o figurino ser “só” uma roupa. “Uso o figurino como uma via para me expressar, como se fosse uma pintura. Idealizo um conceito artístico”, diz ele, ganhador no ano passado de um prêmio da Universidade de São Paulo (USP) de novos figurinistas brasileiros. Em junho, ele estará, junto com José Miguel Macarian Júnior, na Quadrienal de Praga, maior evento dedicado à arte cenográfica do mundo, com o projeto Baianas, uma performance no centro da cidade.

Início

A paixão pelo figurino começou ainda criança, quando ele pensava nas roupas que seriam usadas pelos atores nas peças da escola. Mesmo “desenhando muito mal”, gostava de fazer os projetos no papel. O aprimoramento da técnica veio com muito treino. “Hoje, desenhar é uma meditação. É muito legal colocar no papel algo que você está idealizando”, diz. Mas o figurino não é o seu ganha pão, e ele divide o tempo entre os projetos para as óperas e a sua marca, a Tutu Sapatilhas, que tem em sociedade com a designer de sapatos e também artista plástica Fabiana Montalvão.

Gustavo, que muitas vezes abre mão do cachê ou o usa para materiais para trabalhar com figurinos, acredita no potencial artístico de Curitiba, mas acha que a cidade está “parada”. “Tem muita gente boa. mas é necessário investir em espetáculos e projetos. A cidade está morta”, diz.

Foi a dona do espaço Hoy, Miriam Santana, quem pensou o conceito da exposição. Os dois, que já dividiram um ateliê no começo da Tutu Sapatilhas e se conhecem desde 2012, queriam falar de Carnaval, mas não de maneira literal, mas trazer toda a fantasia envolvida na festa. Por isso, os croquis estão em pastas e amarradas com uma fita de cetim. “Assim, elas ficam ‘dançando’ com o vento. Fizemos essa brincadeira. Também queria trabalhos que tivessem uma conexão com o lugar, que é mais intimista”, ressalta Miriam.

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