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O Evangelho Segundo São Mateus, de Edson Bueno | Divulgação
O Evangelho Segundo São Mateus, de Edson Bueno| Foto: Divulgação

Alberto Caeiro é o heterônimo de Fernando Pessoa que diz: "Eu não tenho filosofia: tenho sentidos", propondo um convívio saudável com a natureza mediado pelo olhar, em troca da angústia do pensamento. É leve em sua recusa de metafísica, que o concilia com o mundo.

Alguns de seus versos mais agudos estão no poema (ele não costumava intitulá-los) sobre o Jesus "tornado outra vez menino", que foge do céu para aproveitar as doçuras e traquinagens da infância terrena. A esses, o diretor e dramaturgo Edson Bueno costura parábolas bíblicas no espetáculo O Evangelho Segundo São Mateus, apresentado durante o Fringe. O que está em questão não é a crença religiosa, mas a necessidade mais profunda de haver (ou se inventar) um Deus para que se possa diferenciar o bem do mal.

Extremamente lírica, a montagem se oferece ao público como uma grande partilha, a exemplo da Santa Ceia, simbolizado pela feitura do pão em cena.

São os primeiros passos do diretor em busca de um teatro mais despojado, que converse diretamente com o público, dando espaço à improvisação e a interações simpáticas. O exercício funciona apoiado no texto pertinente e na disposição dos atores Luiz Carlos Pazello, Regina Bastos e Guilherme Fernandes (que se reveza com Marcelo Rodrigues) em experimentar, sem perder a atenção sobre cada palavra dita. (LR)

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