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As gêmeas escritoras Monique e Mônica Sperandio | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
As gêmeas escritoras Monique e Mônica Sperandio| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Durante uma noite, quatro meninas saem pela cidade de Curitiba para realizar uma lista de desafios - alguns mais pessoais, como revelar um amor guardado em segredo; outros mais assustadores, como ir para um cemitério no meio da noite. Verdade ou ficção? No caso das gêmeas Mônica e Monique Sperandio, os dois.

Inspiradas por uma experiência que viveram com as amigas, escreveram o livro “Só por uma noite”, publicado em ebook pelo selo Novas Páginas da editora Novo Conceito no final de 2016. Esse é o segundo livro publicado pelas irmãs de 23 anos. Formadas em Letras, Mônica trabalha com administração e Monique com redes sociais, mas querem viver de literatura um dia.

“A gente espera que o livro ajude os leitores a se sentirem mais inspirados, que tenham mais coragem e que confiem no poder da amizade”, conta Monique. “Se alguém se identifica com um personagem, se ele passa por um problema que você já passou, a leitura acaba enriquecendo muito a vida de uma pessoa”.

A escrita delas é um processo a quatro mãos: depois de terem uma ideia, fazem um arquivo e começam a escrever, um pouco cada uma. Depois, trocam impressões dos trechos feitos. Elas contam que normalmente é a Mônica que tem ideias para os acontecimentos da trama, enquanto Monique se foca mais no desenvolvimento das histórias. “A gente se completa”, afirmam. Ainda assim, já tiveram algumas brigas por conta da escrita.

Só por uma Noite

Monique e Mônica Sperandio

Novo Conceito/Novas Páginas

R$ 19,90 (ebook)

Entre as grandes inspirações das irmãs estão autores juvenis como David Levithan, Meg Cabot, John Green, Rick Riordan e Cornelia Funke. Entre brasileiros, gostam de ler Clarice Lispector e admiram a influência que autoras como a Paula Pimenta (da série “Fazendo Meu Filme”) e Thalita Rebouças (“Fala sério, Mãe!” e “Fala sério, Pai!”) tiveram no mercado editorial juvenil brasileiro.

“Existe ainda um pouco de preconceito com o escritor brasileiro, as pessoas acham que vai ser chato. Tem muita gente que não acredita na gente. Mas depois ficam deslumbrados com o que a gente conseguiu fazer”, conta Monique.

Válvula de escape

Para Mônica, a literatura não deve ser pensada como uma atividade que deve ser feita por reconhecimento, mas sim por satisfação própria, algo que te faz bem. “Você lê um livro e vai para outro lugar, se torna outra pessoa”, comenta. É justamente isso que ela gostaria de conseguir com sua obra.

Esse foi um dos primeiros motivos pelos quais se aproximaram da literatura, que funcionou como uma válvula de escape durante o divórcio dos pais delas quando tinham 14 anos. A leitura se tornou uma maneira de lidar com a situação difícil e a descoberta das fanfictions (textos escritos por fãs de alguma obra ficcional usado os personagens ou situações criados por outros escritores) foi um empurrão para que colocassem suas ideias no papel - primeiro separadas, depois juntas.

Do início com “fanfiction” até as próprias histórias Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Das histórias com personagens da série “Crepúsculo” (de Stephenie Meyer), que publicavam nos sites de fanfiction, as irmãs resolveram se aventurar em histórias próprias. “Nessa época a gente começou a pensar como seria escrever um livro, e tentamos escrever um como um desafio mesmo”, conta Mônica. Essa primeira experiência nunca chegou a ser publicada, mas continua na gaveta.

O próximo trabalho veio depois que as duas tiveram um sonho muito parecido (com uma menina e muita água) na mesma semana. A inspiração chegou e elas escreveram em poucos meses o livro “Sete Vidas”, publicado em 2011 pela editora Underworld (atualmente o livro está esgotado). O lançamento - realizado quando elas tinham apenas 17 anos - chegou a ser divulgado até na Bienal do Rio, onde as meninas tiveram a chance de conhecer alguns de seus leitores.

Redes sociais

Além de produzir literatura, as gêmeas gostam também de falar sobre livros. Elas mantém um blog, para escrever sobre leituras, viagens, beleza e experiências gastronômicas. Além disso, gravam vídeos para o Youtube e postam no Instagram. Para Mônica, estar nas redes sociais é uma maneira de se aproximar do público leitor.

Escrita a quatro mãos

Ainda que não seja uma forma comum da literatura de ficção, existem outros casos de autoria colaborativa. É o caso do escritor David Levithan, que já fez parcerias com autores como John Green (Will & Will - Um Nome, Um Destino, Galera Record, R$37,90) e Rachel Cohn (O Caderninho de Desafios de Dash & Lily, Galera Record, R$32,90).

Já o escritor Michel Faber (O Livro das Coisas Estranhas, Rocco, R$ 69,50) contava com uma grande ajuda de sua esposa, Eva, nas suas obras. Desde uma edição até ideias de desenvolvimento e final, ela era uma parte importante de seu processo criativo. Tanto que, depois da morte dela em 2014, ele chegou a afirmar em entrevistas que provavelmente não publicará novas obras de ficção.

Outro caso de colaboração literária aconteceu entre os escritores argentinos Jorge Luis Borges e Adolfo Bioy Casares, que escreveram vários livros juntos durante suas vidas. A obra conjunta dos escritores é editada pela Biblioteca Azul, selo da Editora Globo.

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