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Cartaz de "Faster, Pussycat! Kill! Kill!", um filme "irresistível" | Divulgação
Cartaz de "Faster, Pussycat! Kill! Kill!", um filme "irresistível"| Foto: Divulgação

Um cineasta que gostava de mulheres, velocidade e violência. Mais de mulheres que de velocidade e violência. Também pudera: tendo trabalhado na revista "Playboy" e com a lenda de ter perdido a virgindade com uma prostituta indicada pelo escritor Ernest Hemingway, Russ Meyer é um diretor que, se não ficou muito famoso como os seus descendentes, influenciou um grupo de artistas que levaram os seus temas adiante.

Em obras de gente como Quentin Tarantino, John Waters e Pedro Almodóvar, é possível ver resquícios do trabalho de Meyer. E quem não conhece o californiano, que morreu em 2004 aos 82 anos, vai poder conferir até o dia 15, no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro e em São Paulo, uma mostra com 18 filmes dele. (Veja a programação aqui.)

"Russ Meyer tinha como tema de seus filmes o sexo e a violência e os abordou de maneira atrevida e original, escorada por sua criatividade e competência como artesão cinematográfico", comenta o curador da mostra João Juarez Guimarães, que chama Meyer de um "cineasta abusado". "‘Faster, Pussycat! Kill! Kill!’ é um filme irresistível", sugere.

Guimarães argumenta que Meyer foi um cineasta de talento a vida toda, tendo ganho prêmios por seus filmes amadores desde os 15 anos.

"Excetuando o período que atuou com fotógrafo na Europa durante Segunda Guerra e os ensaios que, no início da carreira, fez para a revista ‘Playboy’, Meyer se dedicou a escrever, roteirizar, dirigir, fotografar, montar, produzir e distribuir seus próprios filmes."

Com parte mais representativa da sua produção nas décadas de 1960 e 1970, Guimarães acredita que Meyer aproveitou a onda liberal do período e que queria continuar fora do "sistema".

"Não há maiores afinidades entre a arte do independente pioneiro e os autores de destaque dos 70, excetuando que Meyer trabalhava fora do esquema hollywoodiano e cineastas como Coppola e Scorsese, por exemplo, queriam uma alternativa ao cinema mainstream."

Além de Hemingway, Meyer também teve contato com Malcolm McLaren, na época empresário da banda inglesa Sex Pistols, e dirigiu um roteiro do então desconhecido Roger Ebert ("De volta ao Vale das Bonecas"), que se tornaria um dos críticos de cinema mais famosos nos EUA e um de seus amigos.

Mas engana-se quem, ao olhar sua filmografia, pensa que Meyer fosse um homem chegado a excessos. Segundo Guimarães, ele era um cara "família".

"Russ Meyer era um homem discreto que casou três vezes - pouco para os padrões do mundo do cinema -, avesso a entrevistas, um cineasta incansável e um empresário de sucesso. Mas não se furtava a fazer pontas em suas comédias eróticas e posar ao lado de suas atrizes, que frequentemente estavam nuas."

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