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Subburbia funde referências de disco, grunge, new wave, punk, hip-hop | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Subburbia funde referências de disco, grunge, new wave, punk, hip-hop| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Depois de alguns passos entre as prateleiras do Taborda Livros Lidos e sua charmosa bagunça típica dos sebos, e vencidos alguns degraus de uma escada estreita, eis o sótão da Subburbia. Cercados por paredes (e bateria) com pichações caóticas, e por algum equipamento remendado com fita silver tape, os quatro jovens curitibanos falam sobre o trabalho intenso ao qual vêm se dedicando na banda, que ganha reconhecimento aqui e ali.

Em um conhecido blog sobre música, é a favorita da cena indie nacional. Em um canal da tevê a cabo, o minidocumentário sobre as gravações do último EP, Pentragrama, lançado em fevereiro, foi atração durante o carnaval. A banda tem tocado mais em São Paulo que no Paraná, e um dos clipes também foi para a MTV.

"Não tem hype", diz o falante Emil, dono do sebo e vocalista da Subburbia, evitando se apegar ao tal zum-zum-zum. "O que tem é a repercussão do nosso trabalho", completa a tímida Marina Penny, jovem guitarrista do quarteto, que tem ainda o tecladista Ernani e a baterista Vir – todos em dedicação integral ao projeto, desde o início de 2011 com a atual formação.

O grupo – que, como eles mesmos descrevem, se comporta feito uma "gangue" – passa dias inteiros ali mesmo, ouvindo e fazendo música de um jeito particular. "Por sorte, no Subburbia, cada um traz uma parada que deixa uma identidade muito forte", diz Marina. "Não é planejado. Se fosse, não sairia desse jeito. É consequência do que ouvimos", afirma a guitarrista sobre o som da banda, que funde referências de disco, grunge, new wave, punk, hip-hop e outros. Um gênero aceitável para defini-los, eles dizem, pode ser o noise pop. Há bandas favoritas com quem se identificam, como Stone Roses, Happy Monday e até Abba. Mas a principal diretriz estética é fugir do convencional, de referências diretas, e fazer um som barulhento e autêntico – tudo gestado no espaço particular da banda, que funciona como uma espécie de mundo paralelo, com espaço para aquele vigor idealista do rock-and-roll que, clichês à parte, é fundamental.

Show

A artista visual Estelle Flores, amiga que assina a comunicação visual e vídeos da banda, diz que o Subburbia está ali "para dar uma pancada", conforme conta Marina. O show da última quinta-feira, no James Bar – o primeiro do ano em Curitiba – foi uma boa oportunidade para confirmar. A banda mostrou sua genuinidade encantadora com um volume nas alturas e pressão mesmo em seus respiros mais delicados e pop. Tocou um show breve e enérgico, com as quatro músicas do novo EP – com destaque para "Wrong Riot", que fechou o show e deve ganhar clipe entre o fim de abril e o início de maio –, mais os singles "You’re Not Getting Younger" e "Bullets".

"Não podemos falar o tempo todo como a gente pensa, mas no show podemos ser nós mesmos. Eu toco do jeito que quero, espanco a bateria e não estou nem aí", brinca Vir. Marina completa: "No fundo, está todo mundo se segurando", diz a guitarrista que, com os companheiros de banda, denuncia hipocrisias, bom-mocismos e o tédio do estilo de vida pacata que preferiu não almejar. "Eu acho que se a gente acabasse agora teria um reconhecimento futuro, porque as pessoas vão se revoltar em breve", profetiza. No sótão da Subburbia, bem que é possível. Melhor para a música.

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