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 | Osvalter Urbinati
| Foto: Osvalter Urbinati

É o fim de uma era. A notícia da morte de David Bowie, que escondeu um câncer por 1 ano e meio, abre um buraco negro na cultura pop. Buraco que Bowie transformou em estrela, após lançar “Blackstar”, seu último álbum, dois dias antes de seu retorno para o espaço. Bowie foi importante por tudo que fez, mas começou sua carreira pelo futuro. Por isso sentiremos falta do que ele ainda poderia criar.

Radiohead, Kanye West, Lady Gaga. São muitos. A influência artística do britânico, que cultivou um gosto pela experimentação musical, foi galáctica e é encontrada entre artistas com estilos diferentes. Por isso tanta comoção e tanto vazio. É como se a música pop, o rock, a moda, perdessem o rumo de supetão.

Mais do que qualquer outro, David Robert Jones encarnava o que vivia. Cultuava um esforço contínuo de se reinventar, capturar o espírito da época, através de canções que transitaram pelo folk, rock, funk e jazz. Mas também com todos os seus personagens e seus figurinos extravagantes criados desde o final dos anos 60. Em 1969, aliás, ele abandonou a escola e saltou à fama com “Space Oddity”, balada sobre a história de Major Tom, um astronauta que se perde no espaço. Isso é ser punk.

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Assim como seu trabalho, explosivo e variado, a sua influência é agora reivindicada por muitos músicos que, na falta de aderir a toda a discografia do “Thin White Duke”, se veem em certos períodos de um artista camaleão.

Logo após ter a morte anunciada na manhã desta segunda-feira (11), e confirmada por seu filho Duncan Jones, o rapper Kanye West assegurou que “David Bowie foi uma de suas principais fontes de inspiração”. Madonna também confidenciou seu pesar nas redes sociais, recordando que Bowie foi “o primeiro show que eu vi, em Detroit”. O grupo americano Pixies escreveu condolências no Twitter e postou uma foto que resume a importância de Bowie no rock: o cantor rodeado por um grande grupo de fãs, incluindo Billy Corgan (Smashing Pumpkins), Dave Grohl (Foo Fighters) e Robert Smith (The Cure).

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Bandas de rock britânicas como Joy Division, cujo líder Ian Curtis venerava “Ziggy Stardust”, Suede e Duran Duran, também beberam da fonte mágica. Assim como grupos visivelmente seduzidos pelo período mais “new wave” de Bowie, no fim dos anos 70.Da mesma forma figuram estrelas mais inesperadas como os integrantes do grupo de hard-rock Kiss, cujo parentesco reside mais no estilo do glam e na maquiagem, ou Lady Gaga, especialista em mudanças de figurinos e personagens andróginos (Bowie TAMBÉM era gay). Com a mesma preocupação de se transformar e misturar gêneros, a islandesa Björk é provavelmente a que mais se assemelha a ele. Porque ninguém será igual a ele.

Sua influência foi, por vezes, mais direta: produziu discos para Lou Reed (álbum “Transformers”) e Iggy Pop. Trabalhou com Brian Eno em sua “trilogia de Berlim” no final dos 70. Foi ouvido cantando com o Queen, Mick Jagger ou, mais recentemente, The Arcade Fire. Influência transcendental.

Entre os mais notáveis tributos estão a famosa versão acústica de “The Man Who Sold The World” pelo Nirvana na década de 90 ou “Heroes” pelo Blondie no início de 80.

Bowie alterou o eixo da cultura pop porque, sem preconceitos, era interessado por tudo. Morre o último dos renascentistas.

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