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Capa de “Coming Home”, primeiro disco de Leon Bridges: sapatos, calças e som sessentistas. | Reprodução
Capa de “Coming Home”, primeiro disco de Leon Bridges: sapatos, calças e som sessentistas.| Foto: Reprodução

Conhece Leon Brigdes? Ele é um texano de 26 anos que usa calças vincadas, camisa polo e sapato de verniz como se tivesse saído dos anos 1960.

Nada é por acaso. Ele compõe e canta o que chamam de “retro-soul”. Alguns encaram como um resgate da soul music de meio século atrás, outros – e me incluo nesses – pensam que ele faz mais que arremedar figuras como Sam Cooke (1931-1964) e Otis Redding (1941-1967).

O primeiro e único álbum que Bridges lançou, “Coming Home”, são os 34 minutos mais lindos que você vai ouvir nesta semana (aposto nisso).

Lançado há um par de meses pela Columbia, as dez faixas mostram que Bridges faz um soul clássico – a parte instrumental funciona como uma viagem no tempo –, mas, quando começa a cantar, algo nas letras e algo na voz criam um efeito marcante. O som é atual e ao mesmo tempo familiar.

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Bridges canta alto e forte, é um pouquinho rouco (isso é mais fácil de perceber quando canta ao vivo) e não investe tanto no “lado sedutor” da soul music. Ele fala de amor, mas fica fora do quarto. “Baby, baby, babe/ Estou a caminho de casa/ Para os teus carinhos amorosos/ Você é o amor da minha vida”, ele canta em “Coming Home”.

O truque de Bridges está no terceiro “babe”, que sai como uma única sílaba longa: “beeei”. Ele mistura carinho e dor (pela ausência, talvez) e arremata o versos repetindo: “Quero ficar por perto”. Essas sílabas esticadas aparecem em vários momentos, em outras faixas, e funcionam como uma marca. É como você vai reconhecê-lo ao ouvir as músicas pela quarta ou quinta vez.

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Para o clima do disco, faz diferença Bridges ter optado por trabalhar com produtores doentes pela soul music do século passado. Os caras fizeram questão de criar “Coming Home” usando aparelhos analógicos. Nada de gravar os músicos separadamente. Todos tocaram juntos, como se estivessem se apresentando num palco. É assim que faixas como “Lisa Sawyer” e “Shine” soam quentes e vivas.

“Lisa Sawyer”, Bridges compôs para a mãe. “Ela nasceu em Nova Orleans/ Nova Orleans, Louisiana/ Marcada com o nome Lisa Sawyer/ Por volta de 1963”. O ritmo dado pelas vocalistas de apoio é o de uma história triste, mas bonita. É uma das três melhores músicas de um conjunto que é todo fora do comum (as outras duas são “River” e a faixa-título).

Há composições que soam mais antigas que outras. “Better Man” e “Smooth Sailin’” são assim. Nessas, é muito difícil aceitar que Bridges anda por aí hoje em dia.

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