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Beyoncé: mais uma vez entre os melhores do ano | The Washington Post/The Washington Post
Beyoncé: mais uma vez entre os melhores do ano| Foto: The Washington Post/The Washington Post

Tenho feito listas de melhores alguma coisa por 10 anos agora, e, olhando para trás, elas não são todas tão bonitas. Cada lista sofre de uma ou duas superestimações entusiásticas, assim como algumas omissões conspícuas. Confirmado: sou humano.

Isso não significa que estou me desculpando pelas obras listadas abaixo, todas as quais fizeram eu me sentir vivo durante um ano que tentou matar minha alma. Mesmo uma lista de fim de ano cheia de falhas pode nos dizer algo significativo sobre o clima do ano em que foi rascunhada – e nós vamos pensar sobre os últimos 12 meses por alguns anos. Eis como eles soaram dentro de uma cabeça humana.

Melhores discos:

1. YG, “Still Brazy”.

Foi um ano memoravelmente ruim para os Estados Unidos, mas um espantosamente bom para o rap americano – especialmente para os rappers californianos, e particularmente para YG, um consumado formalista do G-funk em sua melhor forma.

2. Maren Morris, “Hero”.

Ela canta a respeito de carros velhos em vez de novos caminhões e de Johnny Cash em vez de Jesus Cristo, mas abra seus ouvidos para essas polidas e entendidas canções country e Morris vai te converter.

3. 21 Savage, “Savage Mode”.

Esse novato de Atlanta recita sombria poesia do fundo de sua garganta, mas é o maestro produtor Metro Boomin que enquadra os murmúrios do rapper de maneira que eles pareçam completamente internos, como se seu camarada estivesse rimando telepaticamente com a parte de trás do cérebro.

4. Rod Modell, “Mediterranea”.

O veterano da música techno de Michigan conjura um mundo sonoro suave e suntuoso, então deixa o ritmo efervescer por 72 minutos. Você vai querer que dure para sempre.

5. Schoolboy Q, “Blank Face LP”.

Próximo do início dessa obra do gangsta-rap, a boca grande mais orientada para o detalhe em Los Angeles usa seu dom para descrever sua maldição: “I ain’t been right since out the cervix” (Tenho problemas desde que saí do útero). Por mais sombrio que pareça, ele ainda faz rap sobre o futuro como se ele lhe pertencesse.

6. Iggy Pop, “Post Pop Depression”.

É uma pena que o rock esteja morto, considerando que Iggy Pop está totalmente vivo e, para provar, recentemente lançou seu disco mais rude e sexy em anos.

7. Jon Pardi, “California Sunrise”.

É um tanto poética a maneira como esse estimulante disco country entregou dois sucessos sobre sapatos – “Head Over Boots” e “Dirt on My Boots” – mas uma performance de equilíbrio mais habilidosa pode ser ouvida no ressoar da voz de Pardi, uma impecável triangulação de pulmões, coração e grande nariz.

8. Cass McCombs, “Mangy Love”.

Com sua mais recente fornada de canções de ninar, McComs se destaca entre os maiores letristas e mais joviais profetas do apocalipse de nosso moribundo planeta. “No, it ain’t no dream. It’s all too real”, canta suavemente. “How long until this river of blood congeals?” (Não, não é sonho. É tudo real. (…) Quanto tempo até que esse rio de sangue coagule?)

9. Young Thug, “Jeffery”.

Aliciando uma desconcertante gama de sons com suas palavras, o expressionista mais ofuscante do rap continua a espremer suco a partir da língua inglesa de maneiras assombrosas e cheias de estilo. Que ele viva pra sempre.

10. Hieroglyphic Being, “The Disco of Imhotep”.

Durante as noites mais desmoralizantes de 2016, a casa de bate estaca desse futurista afro me ajudou a expulsar minha dor mental dançando. Aquelas batidas a quatro por quatro ficavam me dizendo: “Isso. Também. Vai. Passar.”

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Melhores canções

1. Beyoncé, “Formation”.

A canção que ganhou o SuperBowl combinada com um punhado de declarações estimulantes, algumas afirmações rigorosas e uma barganha sexual que termina com a mais poderosa cantora de sua geração pagando uma conta de camarão infinito. Incrível.

2. Rihanna featuring Drake, “Work”.

Nosso ano selvagemente irracional pareceu fazer sentido apenas durante as oito semanas em que o melhor sucesso de Rihanna fixou residência no topo das paradas. Ignore a aparição entediante de Drake e é puro prazer.

3. Young M.A, “OOOUUU”.

A aspereza freon dessa mulher foi facilmente o som mais descolado de 2016 – e o jubilante meio-risinho que encerra sua conversa dura ao final dessa canção foi provavelmente o som mais charmoso, também.

4. Kanye West featuring Chance the Rapper, Kirk Franklin, Kelly Price & The-Dream, “Ultralight Beam”.

Quando o anti-herói centrípeto da música pop tenta descrever sua visão psicodélica de deus, como podemos não cair de joelhos?

5. Lori McKenna, “Humble & Kind”.

Tim McGraw transformou essa modesta balada em um sucesso de rádio de coração grande, mas vindo diretamente da boca do compositor, ela exala uma seriedade ainda mais forte.

6. Mr. Fingers, “Qwazars”.

Eis uma canção dançante nível NASA que oferece uma rápida viagem às margens do cosmos – graças, em parte, a um sample vocal camuflado que certamente soa muito como o astrofísico Neil deGrasse Tyson.

7. Danny Brown featuring Kendrick Lamar, Ab-Soul & Earl Sweatshirt, “Really Doe”.

Se você pode perdoar Kendrick por enviar aquele verso de artista convidado para os caras do Maroon 5, sua performance cheia de virtuosismo com essa gangue épica é a razão.

8. Sheer Mag, “Can’t Stop Fighting”.

Não podem parar, não vão parar. Esse quinteto da Filadélfia continua a convocar o fantasma de Phil Lynott, do Thin Lizzy, apenas para alistá-lo em sua contínua luta contra o patriarcado.

9. Steve Gunn, “Nature Driver”.

Confira como o cíclico riff de guitarra de Gunn nessa oceânica mistura folk evoca os movimentos da maré que ele descreve na letra da canção. Truque profundo.

10. Kodak Black featuring Gucci Mane, “Vibin in This Bih”.

Dois rappers perseguidos – uma lenda e uma lenda em fabricação – entram em um clube e tentam vibrar, mas a vibração está carregada de tensão porque é 2016 e mesmo a melhor festa musical do ano nos faz sentir profundamente ansiosos.

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