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Simone: show gratuito (ou quase) era um sonho antigo | Bruno Freitas/Divulgação
Simone: show gratuito (ou quase) era um sonho antigo| Foto: Bruno Freitas/Divulgação

Um real. Este é o valor do ingresso para o show da cantora Simone neste sábado (19), às 21h, na Ópera de Arame, em Curitiba. O show faz parte da turnê “É melhor ser’, que marca os 40 anos da cantora.

Com patrocínio do banco Bradesco, obtido por incentivos fiscais da Lei Rouanet, o concerto estreou no ano passado, mas foi interrompido por um problema de saúde da cantora.

Simone retoma em Curitiba a turnê que passou por dezenas de cidades até o mês de julho do ano passado. A partir do show do próximo sábado, Simone decidiu cobrar o calor simbólico de R$ 1. E ainda tem meia-entrada a R$ 0,50.

Em entrevista à Gazeta do Povo, a cantora disse a decisão vai na contramão dos altos valores cobrados pelo mercado brasileiro de shows e deve-se ao fato da produção já ter sido financiada pela lei de incentivo.

Simone garante que a decisão já tinha sido tomada no ano passado e não nasceu da controvérsia envolvendo a biografia de Claudia Leitte, nem a posterior decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de proibir que eventos culturais com “potencial lucrativo” ou que “possam atrair investimento privado” recebam incentivos fiscais por meio da Lei Rouanet.

“Era um sonho bem antigo. Sempre me apresentei para grandes plateias, fiz muitos shows ao ar livre, mas uma turnê com concepção, luz e cenografia de teatro, praticamente gratuita, será a primeira vez”, afirma a cantora.

Ela conta que em seus quarenta anos de carreira, esta é apenas a segunda vez que usou recursos das leis de incentivo a cultura (a primeira foi em uma turnê em 2009).

Simone - show “É Melhor Ser” – Turnê a R$1

Sábado (19 de março), às 21h na Ópera de Arame (João Gava, 874, Abranches). Ingressos à venda pelo Disk Ingressos. Informações: (41) 3315 0808.

“Quando saiu [a possibilidade de captar recursos com a lei de incentivo], no início do ano passado, sentenciei: será agora! Poderia ser mais uma turnê a preços convencionais, mas não quis e realizei meu sonho. E, por mim, só seria assim daqui pra frente”, afirma

Para a cantora, mas do que a questão ética do uso do dinheiro público são os “preços exorbitantes” dos ingressos que sempre a incomodaram.

“Montar uma estrutura de turnê é caríssimo e complexo. Qualquer agente que dificulte o acesso das pessoas à arte é terrível, e o preço é um deles. E apresentar uma turnê nacional a 1 real só foi possível, veja você, graças a uma lei de incentivo”, diz.

Simone aproveitou para falar do conturbado cenário político nacional. “Eu acho uma sacanagem o que estão fazendo com o país e com o povo brasileiro. Estamos entregues ao abandono, e à deriva num oceano de corruptores das mais diversas legendas”, avalia a cantora. “Obviamente todos temos uma parcela de culpa nas corrupções do dia a dia, mas os dirigentes do país não merecem defesa, são eles os maiores culpados.”

Em novo show, Simone valoriza repertório de compositoras

Dirigido pela atriz Christiane Torloni, repertório reúne canções de Rita Lee, Dona Ivone Lara, Marina Lima e Dolores Duran

No show que celebra seus quarenta anos de carreira, Simone faz uma homenagem às compositoras brasileiras. Já era assim no álbum que originou o espetáculo ‘É melhor ser’, que reúne obras de autoras como Rita Lee, Joyce, Dona Ivone Lara, Zélia Duncan, Marina Lima e Adriana Calcanhotto. No palco, a cantora amplia o leque e traz também canções de Dolores Duran, Isolda, Luli e Lucina, entre outras.

“Acho que, a partir da década de 70, houve um florescimento de compositoras. Até então isto não era comum. A composição no Brasil era quase exclusiva dos homens. Éramos, tradicionalmente, intérpretes. Houve, então, uma vontade de homenagear estas mulheres de vanguarda, guerreiras, amantes e, acima de tudo, grandes artistas”, exalta Simone.

Para a cantora, o machismo presente na sociedade brasileira atinge também a musica. “A formatação do discurso sempre foi deles. Em compensação, quem dá a voz ainda somos nós. O Brasil é terra de cantoras: somos muitas e boas. Nesta seara o machismo não tem vez”, diz.

Apesar do preço simbólico cobrado, o espetáculo tem grande cuidado cênico e direção de Christiane Torloni. “Para este show, eu queria ter o olhar feminino, queria uma pessoa de teatro, que olhasse para mim e me visse. E foi exatamente o que a Chris fez. Ela é uma pessoa da arena, uma grande atriz, e tem esse universo que eu queria mostrar.”

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