Um bonitão na pele de Calígula. Para alguns, um desperdício. Para outros, uma provocação válida. Afinal, que outra chance teria um galã de viver um personagem forte, pervertido e prepotente não fossem as graças do teatro? Thiago Lacerda, o Calígula gigante escolhido por Gabriel Villela, percorreu este caminho. E o fez com bravura e beleza.
Muito embora parte do público tenha saído do Guairão um tanto penalizada. Um homenzarrão daqueles, cujos olhos verdes se revelavam em meio à maquiagem soturna, se contorcendo, cheio de vícios da sua loucura, derramando-se sobre o palco em suor e saliva. Isso sem contar a saliva trocada com o ator Pedro Henrique Moutinho, que vive o poeta Scipião, alter ego espiritual do protagonista... Quem foi pra ver o galã, viu o ator e não sei se gostou. Quem esperou para ver o que o ator tinha para mostrar, viu e aplaudiu de pé. Mas houve quem tenha saído no meio do espetáculo e quem tenha silenciado os gritinhos frenéticos, pensando no que Albert Camus fez com o Thiago. Para quem se assustou, um conselho: não saia de casa antes de ler sobre a peça.
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