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Revista

Celuzlose 4

Organização de Victor Del Franco. Editora Dobra/Editora Patuá, 168 págs. R$ 30. Literatura.

Editada pelo poeta e designer gráfico paulista Victor Del Franco desde junho de 2009, a revista on-line Celuzlose, já com dez números, organiza anualmente uma edição impressa. Por meio de entrevistas, ensaios, crítica e produção literária, com ênfase na poesia, a revista chega ao quarto número impresso, com um belo arranjo gráfico e proposta editorial marcante.

Os destaques ficam por conta da entrevista com Luiz Bras e do especial sobre o crítico literário Donizete Galvão, morto recentemente. O caderno de análises apresenta um minucioso artigo de Adriano Scandolara sobre a poetisa e ensaísta norte-americana Marjorie Perloff, especializada em estudos culturais. O tradutor e poeta Guilherme Gontijo Flores passa a limpo a vida tortuosa do grande simbolista Sousândrade.

Por que ler? A Celuzlose se caracteriza por um tipo de academicismo esclarecedor, sem hermetismo. Colaboradores regulares, os paranaenses Adriano Scandolara e Guilherme Gontijo Flores, ambos do coletivo de tradução Escamandro, são nomes que devemos prestar atenção naquilo que chamamos de pensamento literário contemporâneo. (DZ)

Livro 1

As Aventuras do Bom Soldado Svjek

Jaroslav Hasek. Tradução de Luís Carlos Cabral. Alfaguara. 688 págs., R$ 70. Sátira.

Logo na primeira página desta obra clássica da literatura europeia, um susto. O espírito satírico de As Aventuras do Bom Soldado Svjek é forte e está em cada linha, ironizando sem piedade a vida militar durante a Primeira Guerra Mundial e a monarquia austro-húngaro. Svjek não é exatamente um bom sujeito – o adjetivo no título só reforça a ironia. Ele é um Macunaíma tcheco, um homem simplório e malandro, que circula por um mundo de absurdos achando tudo normal. Acredita-se que vários episódios do livro foram vividos pelo autor. Hasek lutou na Primeira Guerra Mundial e, como tantos outros que combateram nas trincheiras, voltou do campo de batalha desiludido e desestruturado. Obeso e alcóolatra, ele teve uma vida conturbada e morreu jovem.

Por que ler? O livro de Hasek é engraçado sem ser bobo. É amargo, mas o amargor vem na forma de ironia. É, de certa forma, um libelo pacifista por explicitar o ridículo da estrutura militar que, em plena guerra, parecia não saber o que estava fazendo. (MS)

CD 1

Out Among the Stars

Johnny Cash. Sony Music. R$ 19,90. Country.

Lançado em março deste ano no exterior, chega agora às prateleiras nacionais Out Among the Stars, segundo disco póstumo de Johnny Cash (1932-2003). Trata-se de uma reunião de gravações feitas entre 1981 e 1984 com o lendário produtor e arranjador country Billy Sherrill, que haviam sido arquivadas pela gravadora de Cash, numa época em que ele enfrentava dificuldades com a venda de discos.

Encontradas por John Carter Cash, filho de Johnny, as gravações foram restauradas e lançadas neste álbum que, só nos EUA, já vendeu mais de 150 mil cópias.

Por que ouvir? Mesmo gravado em um período de decadência artística, Out Among the Stars traz em suas canções o vigor, a complexidade moral e o humor sombrio característicos da obra de Johnny Cash. Não deixe de ouvir a rockabilly "Baby Ride Easy" (dueto com sua inseparável esposa June Carter Cash), o country acelerado de "I’m Movin’ On" (com Waylon Jennings) e a melancólica "She Used to Love Me a Lot" (com ecos de "Solitary Man"). (JG)

Exposição

João Turin - Vida, Obra Arte

Museu Oscar Niemeyer (R. Marechal Hermes, 999 - Centro Cívico), (41) 3350-4400. Visitação de terça-feira a domingo, das 10h às 18 horas. R$ 6 e R$ 3 (meia-entrada). Até 2 de novembro.

Um panorama da vida e obra do artista paranaense João Turin é uma das exposições imperdíveis do MON. Além de mergulhar no mundo do escultor – a mostra começa com uma linha do tempo que mistura dispositivos eletrônicos com os manuscritos do artista – o espectador encontrará uma mostra diferente das convencionais. No total, estão expostos 130 bronzes fundidos de matrizes originais em gesso, e os materiais podem ser tocados pelo espectador (um deles, é a escultura Frade, o presente do governo brasileiro para o papa Francisco em sua visita ao Brasil, no ano passado). A cenografia, caprichada, fez, por exemplo, a réplica de uma igreja para abrigar uma das obras mais famosas de Turin, a Pietá, feita em 1917 para a Igreja Saint Martin, na França. O trabalho permaneceu intacto mesmo depois de a Igreja ser bombardeada na Segunda Guerra Mundial. A obra que está na exposição é um novo original em bronze, fundido a partir do molde do trabalho original. Outro ponto que se destaca na mostra é a iluminação, feita por Beto Bruel, e a variedade de materiais expostos – há, inclusive, vestidos desenhados por Turin.

Não deixe de visitar: a réplica em tamanho reduzido da Casa Paranista, feita pelo escultor na década de 1920. Dentro do espaço, o espectador encontra uma releitura do ateliê do escultor, criada a partir de fotografias. (IR)

CD 2

Menina da Janela

Clube do Balanço. YB Music. R$ 27,90. Pop/Samba.

Grupo paulista de samba-rock com 15 anos de formação, o Clube do Balanço lançou seu quarto álbum, Menina da Janela, com produção assinada pelo próprio grupo em parceria com Jesus Sanchez.

Tradicionalmente aberto e encerrado com faixas instrumentais – "La Nave Va", gafieira inspirada nas trilhas dos filmes de Fellini, e "Don Bocato", homenagem ao trombonista Bocato –, o novo álbum traz composições próprias dos integrantes, e inclui uma parceria com Nei Lopes ("Time Contra", coassinada pelo paulista Magnu Sousa).

O disco, intencionalmente gravado com a utilização de poucos recursos e tratamentos posteriores às performances no estúdio, tenta captar o entrosamento ao vivo da banda, que talhou suas faixas em ensaios semanais durante o final de 2012 e o início de 2013, conforme conta o texto do encarte.

Preste atenção: na sonoridade nostálgica e no suingue certeiro das músicas, que dão continuidade à sempre bem-vinda corrente do sambalanço inaugurada por Jor Ben Jor. (RRC)

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