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Lulu Santos mira o futuro: “Errar o rumo também faz parte” | Divulgação
Lulu Santos mira o futuro: “Errar o rumo também faz parte”| Foto: Divulgação

CD

Luiz Maurício

Lulu Santos. Sony Music. R$ 19,90. Pop.

Luiz Maurício, o recém-lançado álbum de Lulu Santos parece começar pelo final, do jeito com que muita gente gosta de ler jornais e revistas. O disco abre com a um remix da faixa-título, algo que normalmente poderia ser guardado para uma faixa bônus. Lulu perverteu a ordem deliberadamente. "Roteirizei para que fosse assim. Queria a superficialidade primeiro para que o ouvinte pudesse ir se adaptando até mergulhar na raiz profunda da parada. É como a tripa de Moebius, que começa onde termina", filosofa o grande hitmaker brasileiro dos últimos trinta anos.

A mixagem inicial é da lavra do velho parceiro DJ Memê, um dos convidados do disco que também tem a participação do pupilo Jorge Aílton (ex-The Voice) e do funkeiro casca grossa MC. Catra. Lulu, que foi um dos primeiros artistas "zona sul" a assumir o funk carioca como a expressão mais legítima do pop nacional, mantém a crença nas baixas frequências do pancadão.

Um som que está muito presente no seu disco, bem harmonizado com as melodias imediatas e inconfundíveis que faz em sua guitarra e letras que atingem em cheio os seus receptores. Aos 61 anos, Lulu fala de amor na era digital sem parecer o "tiozão da balada", ao contrário.

Seu olhar contemporâneo é arguto e aparece nos títulos de "SDV (Segue de Volta?)" e "Drone" e em versos sobre tuitadas e a crueldade das "curtidas". "Um álbum pop precisa ter três pontos fundamentais: tem que ser um comentário acerca do seu tempo, da linguagem que você representa e de onde está seu trabalho", teoriza Lulu, mostrando que conhece bem o seu terreiro.

Lados A e B

Luiz Maurício tem a lógica de um LP, com lados A e B que conversam e uma narrativa que se completa na arte gráfica do encarte. Destaque para a foto da capa que registra Lulu e sua mãe, muito elegantes, na frente da Casa Branca em Washington (EUA), no final da década de 1950. Tempo em que sua família morava estado do Illinois – o pai, engenheiro aeronáutico, fora enviado para apreender a troca da tecnologia aérea das hélices para as turbinas a jato.

Lulu conta que o blues que ouvia nos almoços com a família em churrascarias mexicanas são a matéria-prima de sua formação musical. "Esta experiência é minha madeleine, onde meus gostos foram forjados. Lembro que nós compramos um estéreo que tinha a novidade das caixas separadas e eu ficava em êxtase ouvindo rock num chão de lajotas vermelhas. Acho que foi minha primeira experiência com estados alterados de consciência", brinca.

Nem magos do pop podem prever os seus humores. Assim fica difícil prever quais das 12 faixas podem "bombar". Várias tem potencial. A começar pelo single "Sócio do Amor" lançado no inicio do ano e que vai entrar em trilha de novela. E a divertida e dançante balada que dá nome ao álbum e resume a biografia do artista: "Eu me chamo Luiz Mauricio, mais conhecido como Lulu". "Isto é pessoal e intransferível, mas o mesmo tempo cada um pode usar como afirmativa de sua própria identidade", observa.

Em alta, vindo de um interessante álbum de releituras de Erasmo e Roberto e com presença marcante na tevê (como o "jurado mau" do programa The Voice), Lulu Santos conta que queria fugir do sucesso fácil. "Nesta altura do campeonato já posso me permitir fazer o que quiser". Queria fazer um álbum "ambicioso" para ouvir no quarto, no carro e na pista, pois "dançar talvez seja o melhor uso possível para a música". Conseguiu, com louvor.

O jornalista viajou a convite da Sony Music.

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