Bastidores
Confira detalhes sobre a vinda do Balé Nacional da China ao Brasil
Programas
O espetáculo Lanternas Vermelhas demanda dois dias de montagem, só no terceiro é a apresentação. Para não deixar os bailarinos parados durante esse tempo, a produção da turnê intercalou outro programa, com três coreografias de repertório. Enquanto dançam um programa em uma cidade, na próxima o cenário e a iluminação do outro são preparados.
Adequação
O Guairão foi aprovado tecnicamente para receber Lanternas Vermelhas. Mesmo assim, algumas adaptações terão de ser feiras, sobretudo aumentar a carga das varas cênicas e acrescentar equipamentos de luz.
Números
Quatro contêiners de equipamentos e adereços vêm da China. A caravana do país traz também 120 artistas, técnicos e administradores.
Zhang Yimou está célebre como nunca. Desde o espetáculo de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, há dois anos, o cineasta conquistou tamanha popularidade dentro e fora do seu território, de uma forma que seus filmes Herói e O Clã das Adagas Voadoras ou os prêmios nos festivais de Berlim, Veneza e Cannes não haviam sido capazes de lhe dar.
Um efeito colateral: ficou quase impossível conseguir que conceda uma entrevista. Nem às vésperas da turnê brasileira de Lanternas Vermelhas, a adaptação feita por ele do filme homônimo que dirigiu em 1991, o chinês topa falar.
O espetáculo foi criado para o Balé Nacional da China. Estreia a turnê brasileira no Guairão, no próximo fim de semana, após a companhia passar por Porto Alegre na quarta-feira, com outras três coreografias do seu repertório (Yellow River, Giselle Act II e New Years Sacrifice Act II). São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte serão os próximos destinos.
Muros
O Balé Nacional da China deve surpreender quem desconhece o cenário da dança clássica naquele país. É o único corpo de baile estatal chinês, sem concorrentes na arte, mas está ativo desde 1959 e, nesse período, investiu no rigor técnico e na qualidade artística, conquistando credibilidade internacional e o posto de "embaixador cultural" do país leia-se instrumento de propaganda do regime.
"Nós, ocidentais, não temos a menor noção do que ocorre em termos de balé clássico na China", diz o produtor Steffen Dauelsberg, um dos responsáveis pela tradicional companhia cruzar o oceano para dançar na América Latina. "Durante a revolução cultural, todo planeta imaginava que estivessem fechados nos seus muros, olhando somente suas tradições."
Na década de 50, porém, a China importou da Rússia o método Vaganova, criado por Agrippina Vaganova, bailarina e depois professora do Balé Imperial de São Petersburgo. "Eles têm quantidade e qualidade", avalia Dauelsberg. "Ao mostrar isso para o Ocidente, 40 anos depois, foi um impacto inacreditável."
Tradições
Lanternas Vermelhas faz parte de uma linha de espetáculos criados para mostrar ao público as tradições chinesas, enquanto outro viés da companhia se volta aos grandes clássicos da dança. Zhang Yimou foi convidado a dirigir, adaptando a trama de seu filme lançado uma década antes.
A história se passa na China feudal, quando uma jovem saída da universidade se torna a nova concubina de um velho senhor. Sua chegada desperta os ciúmes das outras esposas, que descobrem e denunciam o romance proibido dela com um artista da Ópera de Pequim. Para tanto, oito integrantes de fato da ópera viajam com o balé e participam do espetáculo, coreografado por Qigang Chen.
A transposição de linguagens feita por Yimou procurou manter o efeito cinematográfico. "Ao se abrirem as cortinas, você se sente dentro de uma cena de cinema. A iluminação é intensa, com cortes abruptos para situações em que um tênue filete ilumina uma ação isolada, e ele inventou soluções poéticas para as cenas de morte e açoitamento", conta o produtor, que assistiu à montagem em Amsterdã, há dois anos. Foi necessário adequar cada teatro por onde o balé passará para manter o complexo plano de luz original.
Os papéis do senhor feudal e das concubinas cabem aos principais bailarinos da companhia, Zhu Yan, Zhang Jian e Sun Jie. Na ocasião em que o espetáculo foi apresentado em Nova York, o crítico John Rockwell, do The New York Times, valorizou o desempenho de Zhu como a personagem vivida pela atriz Gong Li na tela grande.
O crítico também comentou que não se poderia esperar de um balé as mesmas sutilezas psicológicas possíveis no cinema. Para ele, porém, a guinada do diretor rumo a filmes mais populares, nas últimas décadas, seria a explicação para as relações emocionais parecerem mais comoventes no palco do que na tela à beira do "melodrama", escreve.
Dauelsberg concorda que a força melodramática da coreografia é maior. "Sem a câmera, Zhang extrai o concentrado de cada papel, para que os personagens tenham carga dramática suficiente para chamar a atenção em cena aberta", diz.
Serviço:
Lanternas Vermelhas, com o Balé Nacional da China. Guairão (Pça. Santos Andrade, s/nº), (41) 3315-0979. Sábado, às 21 horas, e domingo, às 19 horas. Plateia: R$ 200 e R$100 (meia). 1º balcão: R$150 e R$ 75 (meia). 2º balcão: R$ 90 e R$ 45 (meia). 50% de desconto para Clube do Assinante Gazeta do Povo e o Cartão Fidelidade Teatro Guaira, válido para os primeiros 100 ingressos e de 20% para os restantes. 50% de desconto para funcionários do Bradesco Seguros e associados dos cartões Bradesco Seguros e Previdência (Visa ou Amex) ou para quem apresentar o flyer promocional da DellArte. Classificação indicativa: livre.
Deixe sua opinião