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Marco Luque, as formigas Tana e Jura e Luiza Possi na bancada de O Formigueiro, no dia 15: programa mais atrapalha do que ajuda a carreira do humorista | Divulgação
Marco Luque, as formigas Tana e Jura e Luiza Possi na bancada de O Formigueiro, no dia 15: programa mais atrapalha do que ajuda a carreira do humorista| Foto: Divulgação

Antes de abrir a sessão de apedrejamento que vou sofrer por parte dos milhões de fãs de Marco Luque, permitam-me deixar claro que eu gosto dele. O jeitão de moleque avoado funciona superbem no CQC, e o seu talento para a comédia é inegável.

Ressalva feita, sinto-me à vontade para avaliar O Formigueiro, programa estrelado pelo ator e humorista paulistano aos do­­mingos, às 19 horas, na Band. Mas, primeiro, eu precisaria sa­­ber qual é o "target" da atração. Se O Formigueiro foi pensado para entreter adolescentes (incluindo pré e pós), até que é OK. É recheado da zoação característica dessa fase da vida, além de contar com alguns "experimentos" físico-químicos e truques de ilusionismo – sem falar na entrevista relâmpago com os convidados famosos (geralmente dois por edição).

Porém, se a intenção é atingir um público mais abrangente, o programa é apenas... bobo. Até há alguns momentos engraçados, de tão nonsenses. Como a bizarra coreografia encenada por Luque e outros três integrantes da equipe dentro de bexigas gigantes brancas, na edição do último dia 15. Eles "vestiram" os balões, de forma que apenas a cabeça ficava de fora, e dançaram uma música de Luiza Possi. O efeito visual foi bem engraçado, pareciam quatro ovos gigantes (ou aqueles saleiros antigos do Sal Cisne) saltitando.

Já as tais "experiências", realizadas pelo personagem Dr. Cido (Kadu Torres), são ridículas. No mesmo programa do dia 15, por exemplo, era uma pior que a outra: um "tornado de fogo" criado a partir de um toca-discos de DJ; uvas cortadas ao meio que emitiram faíscas (quase imperceptíveis) ao ser aquecidas no micro-ondas; o "efeito borboleta" provado com a ajuda de uma máquina Rube Goldberg (acionada por reação em cadeia) tosca; e a mais grotesca: a verificação da suposta capacidade das baratas de sobreviver à radiação.

Para tanto, o tal Dr. Cido levou um saco de baratas (de laboratório, imagino) e soltou a maior parte dos insetos dentro do micro-ondas, que depois foi ligado por dez segundos. Resultado: algumas morreram, outras ficaram atordoadas, boa parte sobreviveu e outro tanto ficou rastejando pelo estúdio. Em nenhum momento Luque ou o personagem de Kadu Torres se preocuparam em alertar as crianças e adolescentes para não tentar repetir a experiência em casa. Portanto, se você tem filhos, não se surpreenda se começar a achar baratas, formigas ou outros insetos assados no micro-ondas...

O mini talk show também é bobinho. Luque ainda não se encontrou como entrevistador – as perguntas são vazias e rasas – e as tais formigas, Tana e Jura, se limitam a fazer piadinhas e trocadilhos infames. Os quadros criados para a participação da plateia também são infantiloides: "Mister e Miss RG", um concurso da foto de identidade mais feia; "O Anunciante", onde você faz o seu "merchan" em troca de um mico; e "Frases de Criança", o espaço aberto para as pérolas da molecada. E sabem o que é preocupante? O Formigueiro é um produto da Eyeworks-Cuatro Cabezas, a badalada produtora do CQC.

A impressão que fica depois de visitar o formigueiro de Marco Luque – pelo menos por enquanto – é que ele mais atrapalha do que ajuda a carreira do humorista (assim como o seu incompreensível quadro no CQC, "Marco Luque Responde"). E olha que tudo pode piorar, já que uma hora as experiências colegiais e os truques de mágica vão cansar...

Serviço: O Formigueiro é exibido pela Band nos domingos, às 19 horas.

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