• Carregando...
Franz Ferdinand: quarteto caminha ainda mais em direção às pistas em seu terceiro disco | Divulgação
Franz Ferdinand: quarteto caminha ainda mais em direção às pistas em seu terceiro disco| Foto: Divulgação
  • Cena de crime na capa do álbum

O que um gaúcho maluquete tem a ver com Franz Ferdinand? Em Tonight: Franz Ferdinand (Domino), terceiro disco dos escoceses, lançado em janeiro e que agora chega por aqui pela Sony/BMG, tudo. Ou quase tudo.

Antônio Carlos Correa de Moura é técnico em eletrônica. Entre um conserto de um valvulado e um reparo em um rádio silencioso, criou um instrumento: a gatorra. Isso há 11 anos. De lá para cá, Tony da Gatorra produziu nove exemplares do sintetizador – que tem o formato de uma guitarra destrambelhada.

Lovefoxxx, vocalista do Cansei de Ser Sexy, adquiriu um exemplar em 2007. A gatorra número sete chegou às mãos de Nick McCarthy, guitarrista do Franz Ferdinand. E foi fundamental para a sonoridade do terceiro álbum do quarteto.

Depois de ter a sorte e a competência de lançar um disco de estreia repleto de hits em uma época oportuna, em que a carência de "rock para dançar" era marcante, – Franz Ferdinand (2004) –, e superar o dito "trauma do segundo disco" repetindo as fórmulas de seu antecessor – You Have Could It So Much Better (2005), os FF deixam as guitarras de lado e caminham em direção à noite e suas (in)conveniências.

A história do novo disco pode ser resumida como a saga de alguém que sai de casa ("Ulysses"), vai dançar e curtir a balada ("Turn It On"), tem drinques e doses como bons companheiros ("Lucid Dreams") e finalmente chega ao seu objetivo ("Katherine Kiss Me").

Para adornar a história, guitarras deram lugar à gatorra. Há menos rock e mais dance. É mais anos 1980 e menos 1970.

Se faixas de seus dois primeiros álbuns já fazem parte da história recente da música – "This Fire", "The Dark of the Matinée", "This Boy" e a rodadíssima "Take Me Out" –, em Tonight: Franz Ferdinand, não há hits instantâneos. Mas há ótimas músicas. E essa pequena guinada rumo aos sintetizadores e pads dão uma roupagem fresca à trupe do vocalista Alex Kapranos.

"No You Girls" e "Live Alone" são energéticas e divertidas, com refrões que já cantamos – e nem percebemos – depois de algumas poucas ouvidas. Mas falta algo, apesar de a gatorra estar lá, em praticamente todas as faixas. Seja com inserções contidas ou em solos à la Kraftwerk.

As 12 faixas são curtas, com exceção de "Lucid Dreams". A música já havia sido apresentada ao público em agosto do ano passado, mas em versão diferenciada. No CD, têm quase oito minutos – três deles dominados pela gatorra – e já soa como um remix, como se os escoceses quisessem facilitar o trabalho de DJs mundo afora.

Mas calma. Nem tudo é bit. Riffs de guitarras distorcidas estão presentes na animadinha "Bite Hard", que bem poderia ser do Weezer. E até baladas, como "Dream Again" e "Katherine Kiss Me" encontram seu lugar.

O clima de Tonight: Franz Frandinand é mais soturno (a começar pela capa do disco, que retrata o que seria um assassinato) e tenso, mas sem deixar de ser pulsante. A banda, que tem uma das melhores e mais naturais performances ao vivo, parece dar um passo rumo ao amadurecimento. Um viva ao Tony da Gatorra. GGG1/2

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]