Engradados de cerveja, garrafas, música e mesas com petiscos e bebidas, inclusive para a plateia, são alguns elementos que fizem parte do cenário da peça Os Bem-Intencionados, comédia-dramática-musical do Grupo Lume (de Campinas) encenada na quinta-feira (28) no Centro de Eventos Sistema Fiep, com mais uma apresentação nesta sexta-feira (29).
O espetáculo fala sobre as ambições de um grupo de artistas que debate a profissão, e é totalmente interativo. O público, disposto em mesas, como se realmente estivesse em um bar, facilita o contato, e o torna natural e sem constrangimentos. A informalidade gerada no ambiente, bem diferente dos espetáculos "tradicionais" é outro ponto interessante da peça. O clima um pouco mais descontraído torna o diálogo com a plateia mais simples e tira a aura de seriedade do teatro, o que acaba desarmando o espectador e faz com que ele fique aberto para as situações cômicas e interações inesperadas.
Na trama, uma história central e outras pequenas paralelas acontecem, o que permite ao espectador diferentes olhares sobre o espetáculo. A peça não busca, portanto, um foco único: ora é possível prestar atenção nas músicas, como "My Way", de Frank Sinatra , que são cantadas pelos atores (acompanhados de uma banda ao vivo), e, em seguida, focar na reação de algum dos personagens, que faz parte da cena, mas está, naquele mesmo momento, em um contexto completamente diferente. A atriz Naomi Silman, que interpreta uma bêbada convicta, rouba a cena: o cabelo longo e negro , as roupas e trejeitos dão um quê de Amy Winehouse (cantora que morreu em 2011, inclusive, por excesso de bebida alcoólica) na personagens. Os rompantes de humor dela também são engraçadíssimos.
DramaO Grupo Lume é conhecido e consagrado pelo trabalho de comédia-dramática, mas, em Os Bem-Intencionados, o lado do drama pareceu um tanto perdido. Brigas repentinas e explosões emocionais pretendem mostrar momentos em que a relação daquele grupo de amigos é abalada, ou até mesmo algum mau momento de um personagem específico. Porém, esse lado soa um tanto forçado, e acaba distraindo o público que, visivelmente, ficou mais envolvido pelo lado cômico que, aliás, é predominante no espetáculo.
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