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Com cuidado: Fruet segura o vinil de Joshua Tree, disco do U2 lançado em 1987. No plástico, ainda há o preço do álbum comprado em Nova York – US$ 6,98 | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Com cuidado: Fruet segura o vinil de Joshua Tree, disco do U2 lançado em 1987. No plástico, ainda há o preço do álbum comprado em Nova York – US$ 6,98| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

O combinado era não tratar de política, embora Gustavo Fruet tenha começado pegando pesado. "Nunca fui a um show do Sepultura, mas fico impressionado com o pique dos caras." A grande e brilhante mesa de seu gabinete ganhou, na última quarta-feira, uma decoração inédita: estava forrada de vinis. Havia um de Jair Rodrigues, autografado pelo próprio e dedicado a Maurício Fruet, seu pai. O primeiro álbum de Marisa Monte. Um bolachão do Supertramp – por mais que Fruet tivesse esquecido que Roger Hodgson tivesse tocado há poucos dias na cidade. Até Bob Marley, quem diria, se materializava em Rastaman Vibration. Eclético, o prefeito. Porque Waldir Azevedo também estava lá, ao lado de compactos "oficiais". São discos com hinos da cidade e antigos jingles de campanha. "O Blindagem fez um jingle para o meu pai, quando ainda se podia fazer isso. A banda era alto astral", recorda Fruet, pouco antes de cumprimentar Márcia Oleskovicz Fruet, sua esposa e presidente da FAS – Fundação de Ação Social de Curitiba. "Me ajuda aqui, Márcia."

Os discos do prefeito refletem sua preferência por rock e MPB. Fruet morou em Brasília quando a geração oitenta – Capital Inicial, Legião Urbana, Plebe Rude – ainda pulsava. O primeiro grande show que viu, entretanto, foi o de Milton Nascimento. Era 1988.

Fruet estudou piano por seis anos. Também se vira na flauta – participou de grupos da Escola de Música e Belas Artes do Paraná. "Mas ele perguntou ele se você toca mesmo", brincou Márcia, desconstruindo o ex-futuro músico.

Ao pinçar Miles Ahead (1957), disco de Miles Davis com orquestração de Gil Evans, Fruet lembra-se de um episódio em Nova York, nos anos 1980. "Havia um show do Bobby Short no Hotel Carlyle. Éramos eu, Mário Lobo [ex-assessor do governo] e Ivan Bonilha [conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Paraná], todos de tênis e jeans. Não deixaram a gente entrar. Um mâitre emprestou três paletós usados por garçons. Entramos, sentamos ao lado do piano. Short tocou ‘Garota de Ipanema’ porque sabia que havia três brasileiros ali."

Em Curitiba, lembra-se de ter ido, recentemente, a shows de Zeca Baleiro, Rogéria Holtz e Edu Lobo. E cita A Banda Mais Bonita da Cidade como referência local. Em casa, Márcia usa o Deezer, serviço de streaming de músicas. Fruet diz que, no carro, quase sempre ouve notícias. Mas a caminho do gabinete – e daquela entrevista –, mudou de estação. "Posso falar? Vim ouvindo a Lúmen."

Os escolhidos

Mais do que uma escolha crítica, Fruet selecionou os discos de forma afetiva. "Sou um cuidador", diz o prefeito:

Joias Musicais (1940?)

Affonso Fruet, tio do avô de Gustavo teve uma loja de discos em Curitiba. Era dele este exemplar. São 20 músicas, todas tocadas por Chiquinho & Sua Orquestra, O lado A traz "Aquarela do Brasil" e "Tico-tico no Fubá". No lado B, "Palpite Infeliz", de Noel Rosa, e "Isso Aqui tem Dono" na voz de Nelson Gonçalves.

Choba B CCCP (1988)

Menina dos olhos de Fruet. Também conhecido como The Russian Album, é o sétimo disco solo de McCartney, lançado em 1988 exclusivamente na União Soviética. Paul canta e toca covers de clássicos do rock. O álbum foi lançado internacionalmente em 1991. "É pelo ineditismo. A gravação foi um ato político", diz Fruet.

Joshua Tree (1987)

"Este é pela circunstância, pelo privilégio de ter visto o U2 ao vivo", conta o prefeito. Gustavo Fruet assistiu a um show dos irlandeses no Metropolitan Opera House, em Nova York, no ano do lançamento do álbum. O quinto disco é um dos melhores do U2. Nessa época, o engajamento de Bono Voz era só com a música.

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