Otelo condensado ao som de rock

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A fúria de Otelo é sentida ao som de AC/DC e Black Sab­­bath. O rock mais pesado entra em cena para reforçar nos moldes atuais os tons sombrios da tragédia de Shakespeare, em que a paixão vence a razão e põe tudo abaixo, na adaptação feita pela diretora Sílvia Monteiro.

Otelo, As Faces do Ciúme estreia neste fim de semana, no Teatro Barracão Encena, dando ao ator curitibano Danilo Avelleda a chance de interpretar pela segunda vez em seus 70 anos de vida – 50 deles dedicados ao teatro – a desgraça do príncipe mouro.

O ator – que atuou na primeira montagem do Teatro de Comédia do Paraná (TCP), Um Elefante no Caos, em 1963, e testemunhou, do palco, a inauguração do Guairão – protagonizou um Otelo, dirigido por Fátima Ortiz, duas décadas atrás.

Agora, encabeça o elenco de uma montagem que propõe um contraste entre o início do século 17, quando a obra foi escrita, e os dias atuais. A atriz Mevelyn Gon­­çalves interpreta sua musa (e perdição) Desdêmona. Luiz Carlos Pazello faz o antagonista Iago, enquanto Pagu Leal vive a esposa do alferes, Emília.

Todos estão de alguma maneira enredados pelo ciúme. "O sexual, o romântico, o profissional", enumera a diretora, justificando as várias "fa­­ces" sugeridas no título da adaptação.

A encenação é uma versão condensada da obra original. Se concentra nas cenas íntimas (entre poucos personagens), dispensando as batalhas e multidões. Os personagens ecoam em dois tempos, 400 anos atrás, quando a tragédia se passa, e como narradores contemporâneos, amaldiçoados a repetir suas histórias eternamente.

Serviço:

Otelo

Teatro Barracão EnCena (R. Treze de Maio, 160), (41) 3223-5517. Texto de William Shakespeare. Direção de Silvia Monteiro. Com Danilo Avelleda, Mevelyn Gonçalves, Luiz Carlos Pazello e Pagu Leal. Estreia, dia 7. 3ª a dom. às 21h. R$15 e R$7,50 (meia). Classificação indicativa: 14 anos.