
A partir do século 16, a paisagem na pintura deixa de ser mero cenário e passa a ser o entorno onde o homem se move de acordo com as peculiaridades do seu lugar e do seu tempo.
Esse modo de retratar orienta a exposição Paisagem Entorno e Retorno, que o Museu Oscar Niemeyer exibe a partir deste sábado (14), às 11 horas. A entrada é gratuita das 10 horas ao meio-dia.
Esta é a primeira vez que a mostra de 72 pinturas da coleção do engenheiro civil e empresário das telecomunicações Carlos Slim, um dos homens mais ricos do mundo, deixa o Museu Soumaya, na Cidade do México, para ser apresentada em um país da América Latina.
"São obras emblemáticas do nosso acervo de mais de 60 mil peças", informa o curador Héctor Palhares Meza. Uma hora antes da abertura, ele realiza uma palestra gratuita sobre o tema "Um olhar sobre a paisagem".
De fato, o elenco de artistas é assombroso, do mexicano Velasco a Van Gogh, e as obras exibem os variados enfoques na abordagem do tema, do século 16 ao século 20. "Oração no Horto de Getsemani, do renascentista italiano Tintoretto, por exemplo, que dá início à mostra, reflete "o espírito da contrareforma do período, do valor religioso do cristianismo", explica Meza.
Outro núcleo da mostra faz um "jogo de espelhos" entre a pintura paisagística europeia e a mexicana. Há obras do período logo após a conquista espanhola do México, que retratam a mestiçagem entre o negro, o índio e o europeu, e telas de artistas viajantes, que por meio de suas obras "descreviam as flores, a floresta, os animais, tudo o que aos olhos dos europeus era novidade e representava o paraíso na Terra, a pureza de tradições".
No século 19, Luis Coto y Maldonado e José María Velasco, alunos do italiano Landecio, que lecionava na Academia de São Carlos, fundada pelo rei da Espanha Carlos III, imitaram o mestre ao pintar uma paisagem da ponte de Penzacola, no sul do país. Para o curador, essas reproduções representam "a tradução para a tela da noção idealizada que cada pintor tem da natureza".
O último núcleo faz uma síntese do impressionismo que, " não foi só um movimento francês, teve influência enorme no resto da Europa e nas Américas", explica o curador. Há quadros dos mais importantes artistas da luz e da cor: Monet, Degas, Renoir e Hugues-Claude Pissarro.
A mostra encerra com a obra "Paisagem em Drenthe", do holandês Vincent Van Gogh, que retrata uma paisagem na aldeia de Flandres, na Bélgica, onde o artista ainda jovem pregava a palavra de Deus para mineiros. "É uma obra de realismo social, muito diferente do imaginário que as pessoas têm das obras de Van Gogh".