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Algumas emoções ficam mais fáceis de lidar com a mediação da arte. Para a criança, a perda de um animal de estimação pode ser uma delas, e Clarice Matou os Peixes, da Cia. do Abração, surge como um estímulo para aceitar fatos como o da história: sem explicação, um belo dia o aquário aparece vazio.

A peça estará em cartaz neste e no próximo fim de semana, no Auditório Antônio Carlos Kraide, do recém-reinaugurado Portão Cultural (Av. República Argentina, 3.430), às 16 horas, com entrada franca. Voltando à trama. Três personagens – Esclarecida, Clarito e Clarão (vividos por Blas Torres, Fabiana Ferreira e Simão Cunha) – tentam desvendar o mistério, atuando com técnica de clown. Quem matou os peixes?

O título é bastante elucidativo: a peça é inspirada num conto infantil de Clarice Lispector, "A Mulher Que Matou os Peixes" – por sua vez, baseado numa história real em que a escritora, sempre concentrada com a máquina de escrever no colo, se esquece de alimentar os peixinhos vermelhos do filho.

No mundo da ficção, os personagens tentam se inocentar do "crime" cantando composições de Karla Izidro, que compôs a trilha sonora especialmente para a peça. Nas canções, eles relatam seu relacionamento anterior com animais, mostrando o afeto que sabem ter com eles.

No final, a conclusão tam­­bém tem um toque de Cla­­rice: ensina que todos nós, sem exceção, cometemos erros.

Quem conhece o universo da escritora perceberá outras citações aqui e ali, como aos contos "Uma Galinha" e "A Vida Íntima de Laura".

"Normalmente as pessoas vão ao teatro infantil para bater palmas sem nenhuma reflexão, como se isso fosse sinônimo de diversão. Mas nessa peça há espaço para emoção verdadeira, que faz parte do crescer saudável. E muitas crianças se emocionam por lembrar de algum bichinho que perderam", conta a diretora Letícia Guimarães.

Com estreia em meados do ano passado, a produção do Abração recebeu o Troféu Gralha Azul 2011 como melhor espetáculo infantil.

Em breve

A companhia, criada há dez anos, prepara agora sua oitava montagem infantil, O Dorminhoco, inspirada em texto de mesmo nome da catarinense radicada em Curitiba Cléo Busatto.

"Sempre tivemos a preocupação de oferecer o acesso a algum patrimônio cultural, com adaptações de literatura e música", diz Letícia. O grupo tem ainda duas peças adultas: A-Corda e O Banho.

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