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A montagem aposta em uma abordagem livre da trajetória do Rei do Baião e faz uma leitura pop do mito. | Emi Hoshi/Divulgação
A montagem aposta em uma abordagem livre da trajetória do Rei do Baião e faz uma leitura pop do mito.| Foto: Emi Hoshi/Divulgação

O musical Gonzagão – A Lenda, que teve sua primeira apresentação no Festival de Teatro neste domingo, tem força para surpreender mesmo o espectador que chegar à peça já saciado de informações sobre a vida e obra de Luiz Gonzaga, amplamente homenageada e documentada em 2012. A montagem aposta em uma abordagem livre da trajetória do Rei do Baião e reprocessa o universo nordestino forjado pelo cancioneiro e pela imagem do músico – tido como um dos primeiros artistas pop brasileiros ao lado de Carmen Miranda.

Este viés faz parte desta atualização. O espetáculo já inicia com esta força e a desenvolve em figurinos, movimentos e arranjos mais voltados para o pop e o rock.

A licença é dada pela trama: o mito – não o personagem histórico – Luiz Gonzaga é contado por uma trupe de atores em um tempo indeterminado, sem compromisso documental. A dimensão da fábula, que põe Gonzaga frente a frente com um cangaceiro e Lampião enfrentando o diabo, tem mais peso que a trajetória artística do Rei do Baião. São pontos positivos para a originalidade da abordagem, embora a impressão ao final seja de um enredo fugidio. A trama da trupe vem à tona algo repentinamente; por vezes, a narrativa parece perder consistência quando sustentada principalmente sobre as canções.

Independentemente do conjunto, as cenas envolveram o modesto público que mal chegou a ocupar as laterais da plateia inferior do Teatro Positivo. O clima cômico, com espontaneidade e simplicidade de teatro popular e com a dinâmica veloz da contação de causos, revelou um elenco afiado. E a competência musical do espetáculo não chamou menos atenção – destaque para o canto de Marcelo Mimoso, muito próximo ao de Gonzaga, e à bela voz de Laila Garin. Canções como "Pau de Arara", "Roendo Unha", "Sangrando" e as intensas interpretações de "Estrela de Ouro" e "Assum Preto" (com bela linha de rabeca tocada por Beto Lemos) são alguns dos momentos responsáveis por relembrar a vitalidade da obra de Gonzagão e conferir relevância ao musical, mesmo após a profusão de homenagens de 2012.

A segunda apresentação do espetáculo acontece nesta segunda, às 21 horas. Veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo.

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