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Marcio Vito e Bianca Ramoneda em cena de O Que Eu Gostaria de Dizer | Divulgação
Marcio Vito e Bianca Ramoneda em cena de O Que Eu Gostaria de Dizer| Foto: Divulgação

A julgar por algumas ausências e atrasos, faltam mesmo espaços e apoio em Curitiba para produções de médio porte, sejam shows musicais ou espetáculos teatrais.

Mais de um ano. É o tempo em que uma peça criada em Curitiba por um grupo curitibano – a Companhia Brasileira de Teatro – levou para estrear aqui após temporadas bem-sucedidas no Rio de Janeiro e São Paulo e no interior dos estados das duas capitais.

O Que Eu Gostaria de Dizer existe para o público local desde que ainda era uma proposta. Sob o nome provisório de Deserto, um embrião do que seria o espetáculo fez parte da Mostra Contemporânea do Festival de Curitiba do ano passado. "Era uma mostra de processo. A partir dela, fomos caminhando para a estreia, em junho passado, no Rio de Janeiro", conta o ator Luis Melo, que forma o elenco da peça dirigida por Márcio Abreu junto com Márcio Vito e Bianca Ramoneda.

No mês passado, a peça finalmente pôde ser apresentada onde foi concebida. Viu quem se agilizou para não perder as seis apresentações no Teatro José Maria Santos – e as duas sessões extras que, pela demanda de interessados, foram abertas no último fim de semana da brevíssima temporada.

Mas por que tanta demora? Melo diz que a companhia enfrentou dificuldades para conseguir se apresentar em um espaço pequeno, que comportasse um tipo de espetáculo mais intimista. Feita para ser encenada em um teatro de arena, a peça teve de ser adaptada para o palco italiano do Teatro José Maria Santos. O ator conta que também havia o desejo de cobrar ingressos a preços mais populares – o que se viabilizou, enfim, com apoio do Programa Petrobras Cultural.

"Ninguém aguenta ser tão ignorado"

Parece algo impossível de ser feito, mas Curitiba consegue ignorar boa parte da produção elogiada da Sutil Companhia de Teatro, outro grupo nascido aqui e estabelecido em São Paulo. "Quando é que vocês vêm a Curitiba?" é a pergunta que o diretor Felipe Hirsch ouve insistentemente.

Há algum tempo a Sutil não apresenta peças por aqui – não por falta de desejo do diretor e de seu sócio, o ator Guilherme Weber, que sempre reafirmam suas raízes sulistas e a necessidade de voltar ao berço para alimentar o que chamam de "estética do frio". Mais precisamente, desde que Thom Pain – Lady Grey estreou no Festival de Curitiba de 2007.

Desde então, o grupo coleciona aplausos e elogios da crítica do eixo Rio-São Paulo com as montagens A Educação Sentimental do Vampiro, sobre o universo do contista Dalton Trevisan, e Não sobre o Amor.

Para comemorar a trajetória de 15 anos de sucesso, com 24 espetáculos concebidos, 20 indicações ao Prêmio Shell, a conquista recente do Prêmio Bravo! e o respeito do público e dos artistas, a Sutil realizou uma mostra de repertório no Teatro do Sesi, na Avenida Paulista, em abril do ano passado, que seguiu para Brasília, Rio de Janeiro, Espanha, Portugal e Alemanha. Houve até um convite de João Pessoa. Mas nenhum de Curitiba.

O entrave é a falta de apoio – já que é difícil um espetáculo se sustentar só de bilheteria. "Nunca recebemos nada da prefeitura ou do governo do Paraná. Nem de nenhuma empresa local. Em Minas Gerais, o Galpão e o Corpo têm apoio. Mas o programa de cultura em Curitiba distribui (a verba) entre todos os grupos medíocres da cidade e não privilegia quem faz um trabalho de qualidade há 15 anos – e mesmo esses grupos locais não recebem tanto dinheiro." E alerta: "Ninguém aguenta ser tão ignorado".

Teatros

Dois teatros que comportam bem peças de porte médio e mais intimistas como as feitas pela Sutil e a CBT estão inativos ou subutilizados. Desde o ano passado, o Teatro do HSBC está em "temporada de consertos", como brinca a sua publicidade. De acordo com a assessoria de imprensa, volta a funcionar em três meses, após uma reforma completa. Ainda não há programação planejada.

O Sesc da Esquina oferece mais shows musicais do que peças – à exceção do período em que abriga produções do Festival de Curitiba. "Temos projetos de música mais bem desenhados, com retorno de público, mas estamos dando este passo em relação ao teatro. Fazemos quando os agentes culturais nos pedem pauta", diz Celise Helena Niero, gerente executiva do Paço da Liberdade e Sesc Paraná.

Ela explica que o Sesc se volta mais para a reflexão sobre o teatro e a produção de oficinas do que para a produção. O Paço da Liberdade, espaço do Sesc recém-inaugurado, oferecerá cinco editais – um deles contemplando o teatro, "principalmente o de rua". No Sesc da Esquina, a pauta está aberta.

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