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Críticos apostam em filmes romeno, russo e no novo Polanski
Reuters
Berlim - Em sintonia com o clima de um festival em que filmes feitos com orçamentos reduzidos concorrem lado a lado com grandes títulos de Hollywood, três longas-metragens pequenos do Leste Europeu e o filme de Roman Polanski estrelado por Ewan McGregor estão entre os favoritos para receber o prêmio principal do 60º Festival de Cinema de Berlim, que se encerra hoje, com uma cerimônia de premiações em que será anunciado o vencedor do Urso de Ouro de melhor filme, além de uma série de outros prêmios.
O diretor polonês-francês Roman Polanski, que se encontra em prisão domiciliar na Suíça e por isso não pôde assistir à estreia de The Ghost Writer, recebeu o Urso de Ouro em Berlim em 1966 por Armadilha do Destino, e hoje, 44 anos depois, é visto como tendo boas chances de repetir a dose. Seu thriller político, concluído quando Polanski estava na prisão e em prisão domiciliar, trata de um ex-primeiro-ministro britânico cujo apoio à política militar americana o leva a ser acusado de crimes de guerra, numa alusão pouco disfarçada a Tony Blair.
Um pouco à frente de Polanski na enquete informal feita pela revista on-line Screen International com críticos de cinema estão dois filmes: How I Ended This Summer (Como Eu Terminei este Verão, em tradução livre), do russo Alexei Popogrebsky, e If I Want to Whistle, I Whistle (foto)(Se Eu Quiser Assoviar, Assovio), do cineasta romeno Florin Serban.
Entrevista com Jeferson De, diretor do longa-metragem Bróder.
Berlim - O diretor Jéferson De diz que está ansioso, agradecido, tenso e feliz. Para ele, a ficha ainda não caiu. Bróder, seu primeiro longa foi muito aplaudido na estreia mundial dentro da mostra Panorama do Festival de Berlim, que se encerra hoje na capital alemã.
Aos 32 anos, Jéferson que provocou polêmica ao criar o movimento Dogma Feijoada para mudar a forma como o negro é retratado na cinematografia brasileira nasceu em Taubaté (SP) e é filho de uma costureira e um metalúrgico, que se tornou um dos responsáveis pelo amor que ele tem hoje ao cinema, quando o levava para as sessões que organizava no sindicato.
Bróder traça o reencontro de um grupo de amigos que dividiram a infância em Capão Redondo, bairro da periferia de São Paulo, numa história de afeto, amizade e amor. A escolha de Caio Blat para protagonista provocou polêmica por ser um ator branco, em desacordo com as teses defendidas pelo diretor. No filme, o ator interpreta o filho de um negro e tem irmãos negros.
Em entrevista à Gazeta do Povo, o diretor paulista falou sobre Bróder e a importância desta seleção para Berlim.
Como você vê a seleção de Bróder para a Berlinale?
É a consequência de um trabalho que busca algo original. Observei que, nos últimos anos, a Panorama tem a intenção de exibir essa busca, ou seja, o esforço de realizadores em estabelecer novos cenários, novas histórias, provocações e, acima de tudo, arte e poesia. No filme, que retrata jovens criados na periferia de uma metrópole como São Paulo, acredito que contemplamos boa parte dessas questões.
Por que escolheu o Caio Blat para protagonista?
A questão apresentada no filme é quem é negro e quem não é. Eu enviei o roteiro, ele entendeu toda a proposta do Bróder e me agradeceu dizendo que sempre quis ser negro. Durante as filmagens, ele se mudou para o Capão Redondo, conheceu os trabalhadores, os artistas locais, enfim, passou a conviver com a comunidade.
Como você gostaria que os espectadores vissem o filme?
É difícil saber, pois sentimentos são, por vezes, confusos. A entrega de um filme para os espectadores é sempre tensa, cercada de muita expectativa. Como toda obra de arte, o filme se completa no encontro com o público. Então, este trabalho está quase finalizado. Espero que o filme estabeleça uma troca com a plateia, tocando as pessoas, seja pela emoção ou pela razão.
Quais resultados você espera da exibição do filme em Berlim?
Minha expectativa é que todo o esforço para sua realização seja valorizado e reconhecido. Não foi nada fácil construir esse caminho e espero, por mérito, ter propostas interessantes em outras mídias como a tevê, por exemplo. De certa forma, também desejo que a projeção aqui numa vitrine como Berlim torne o percurso para produzir meu próximo filme um pouco menos doloroso.
Você já está envolvido em outros projetos?
Estou envolvido em alguns projetos interessantes: Um deles é um filme que será produzido pela atriz Taís Araújo. O outro é uma história sobre a família Assis Miranda, cujo integrante mais conhecido é o Ronaldinho Gaúcho. Por último, estou produzindo um documentário chamado Papo de Menina, sobre a beleza dentro da Fundação Casa Feminina (ex-Febem), que vai ser dirigido pela documentarista Cristiane Arenas.
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