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Miguel Falabella será processado. Pelo menos é o que promete o sempre combativo Grupo Gay da Bahia (GGB), descontente com a suposta homofobia contida na novela A Lua Me Disse, de autoria de Falabella e Maria Carmem Barbosa. Para Luiz Mott, principal porta-voz do CGB, a dupla anda abusando nos diálogos da trama, que trazem expressões como "bicha louca", "baitola" e "biba" para se referir aos personagens homossexuais incluídos na história.

Mott tem o apoio de outras entidades de combate à homofobia e também do movimento negro, igualmente aborrecido com o racismo de Whitney (interpretada pela atriz Mary Sheila) e LaToya (Zezé Barbosa). Detalhe: ambas são negras.

De quebra, a novela é acusada de promover o preconceito contra os índios. A queixa veio de representantes dos povos indígenas, que enviaram ao Congresso Nacional uma carta de repúdio às humilhações sofridas na tela por uma empregada doméstica egressa da tribo dos nambiquaras. Ela é chamada de preguiçosa, além de ser freqüentemente expulsa dos recintos da casa na qual trabalha.

Exagero? Talvez, ainda que julgar a reação das minorias seja sempre uma tarefa delicada quando não se faz parte de uma delas. Mesmo assim, deve-se deixar clara uma questão importante: A Lua Me Disse é politicamente incorreta, mas não necessariamente preconceituosa. E há uma diferença grande entre os dois conceitos.

Além de usar a incorreção política como combustível de seu bom humor, Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa fazem questão de conferir dignidade aos personagens "ofendidos". A doméstica indígena sempre responde os desaforos à altura, e se mostra mais consciente da realidade do que seus patrões. Whitney e LaToya, apresentadas como figuras patéticas, cedo ou tarde vão receber um bom castigo. Mas o exemplo mais gritante é o de Dona Roma (Miguel Magno): apesar de ser um travesti, ele/ela é uma espécie de pilar ético e moral da trama.

Isso sem contar outras "trangressões" ao formato tradicional das telelágrimas, como a construção de uma heroína e de um galã atípicos. Heloísa (Adriana Esteves) não tem nada de ingênua, enquanto Gustavo (Wagner Moura) passa longe da canastrice.

Há poucas semanas, entrou na história a jovem Zenóbia (Roberta Rodrigues), que se orgulha de ser negra e entra em conflito com quem esboça qualquer sinal de preconceito. Mas os autores negam qualquer relação entre sua inclusão na novela e as manifestações das entidades representantes dos afrodescendentes.

Roberta, revelada em Laços de Família, já processou uma loja de roupas por racismo, após se sentir discriminada por uma das vendedoras. Por conta disso, ganhou até destaque na revista especializada Raça. O que ela deve pensar de toda essa história?

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