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John Gielgud (sentado, no centro da foto) é o escritor Clive Langham, para quem seus parentes são serpentes | Divulgação
John Gielgud (sentado, no centro da foto) é o escritor Clive Langham, para quem seus parentes são serpentes| Foto: Divulgação

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Providence

(França/Inglaterra/Suíça, 1977). Direção de Alain Resnais. Com Dirk Bogarde, Ellen Burstyn e John Gielgud. Versátil. David Warner. Versátil. 102 min. Classificação indicativa: 14 anos. Locação e venda. Preço médio: R$ 49,60. Drama.

Os fãs das narrativas enoveladas do cineasta David Lynch (de Estrada Perdida e Cidade dos Sonhos), que se desdobram em diferentes planos, embaralhando noções de realidade e sonho, vão curtir (re)descobrir Providence (1977), obra-prima pouco lembrada do diretor francês Alain Resnais, que faleceu em março passado, aos 91 anos.

No filme, que finalmente está sendo lançado em DVD no Brasil pela Versátil, o diretor dos clássicos da nouvelle vague Hiroshima Meu Amor (1959) e O Ano Passado em Marienbad (1961) brinca com a percepção do espectador ao borrar as fronteiras entre a realidade e a ficção, em um jogo narrativo recorrente em sua filmografia.

O grande ator britânico John Gielgud (vencedor do Oscar de melhor coadjuvante por Arthur, o Milionário Sedutor) vive o protagonista de Providence: o escritor Clive Langham, que, com problemas de saúde, enfrenta dificuldades em arrematar seu próximo livro, talvez o derradeiro de sua vida.

Tomado pelo amargor, decorrente do estado de solidão em que vive mergulhado, ele molda seus personagens a partir de integrantes da própria família. O ressentimento faz com que sejam todos sujeitos execráveis e ardilosos, sempre dispostos a manipular e a trair.

Alternando a vida real de Clive e a ficção de seus escritos, a narrativa tem algo de labiríntico, e o espectador é convidado a se deixar perder em seus corredores, até que consiga chegar a suas próprias conclusões, e separar fato de ficção.

Resnais, um diretor inquieto, que nunca se contentou em subjugar-se ao formato engessado do cinema narrativo convencional – com começo, meio e fim muito claros –, se mostra em grande forma. Faz um filme inquietante, com excelentes atuações, que se aproxima de um sonho, nem sempre fácil de encarar, mas desafiador em vários sentidos.

É genial como, quando os verdadeiros parentes de Clive entram em cena, para celebrar seu aniversário, tudo o que veio antes, as mirabolantes tramas apresentadas até então, como parte do livro que está sendo finalizado, ganha outro sentido. Resnais nos força a repensar todo o filme, a remontá-lo.

Vencedor de sete Cesars, o Oscar francês, incluindo os de melhor filme e direção, Providence traz no elenco, além de Gielgud, Dirk Bogarde (de Morte em Veneza) e Ellen Burstyn (ganhadora do Oscar por Alice Não Mora Mais Aqui). A edição especial da Versátil apresenta o filme em versão recentemente restaurada e com mais de uma hora de extras, incluindo um documentário sobre a produção. GGGGG

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