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Leopoldino Abreu com sua escultura no pátio do Museu Guido Viaro: obra pesa mais de duas toneladas | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
Leopoldino Abreu com sua escultura no pátio do Museu Guido Viaro: obra pesa mais de duas toneladas| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

Serviço

Chronos

Museu Guido Viaro (R. XV de Novembro, 1.348), (41) 3018-6194. Esculturas de Leopoldino Abreu. Inauguração dia 18, às 20 horas. Visitação de terça-feira a sábado das 14h às 18 horas. Entrada franca. Até 4 de abril.

O escultor Leopoldino Abreu tira com uma toalha alguns resquícios de terra da obra Ciclo da Vida, enquanto observa se parte de outro trabalho ainda precisa de polimento, feito com uma lixa diamantada que deixa as pontas dos seus dedos ressecadas. Esses são os últimos retoques do artista na exposição Chronos, que abre amanhã no Museu Guido Viaro. No total, são 16 peças. Algumas delas, Abreu teve de emprestar de clientes, já que ainda não conseguiu montar um acervo pessoal considerável. Afinal, o trabalho de um escultor é árduo e braçal. As pedras de mármore pesam muito – a singela escultura que ficará no pátio do museu tem cerca de dois toneladas. Para carregar tanto peso, são necessários equipamentos e parafernálias diversas, o que acaba tornando o trabalho lento. "Por isso, acabo não conseguindo criar acervo suficiente", conta.

Filho de um colecionador de arte, Abreu levava jeito desde pequeno. Incentivado pelo pai, fez diversos cursos. Aos nove anos, já desenhava com Luiz Carlos Andrade de Lima, em aulas aos sábados, num espaço dividido com adultos, que tomavam lições de desenho em nu artístico. "O Luiz via que eu levava jeito, e um dia me tirou das salas das crianças para desenhar uma mulher nua", relembra, rindo.

Graduou-se em pintura na Escola de Música e Belas Artes do Paraná – que ainda não tinha graduação em Escultura –, e teve várias aulas com o mestre Elvo Damos, com quem aprendeu a técnica de fundição de bronze. Depois de formado, levou dez anos até formar o seu ateliê, na chácara da família em São José dos Pinhais.

Nadar contra o pó

As características são muito diferentes do espaço de trabalho de um pintor, por exemplo. Além dos equipamentos, é necessário trabalhar com muita poeira – Abreu, que já praticou triathlon, nada diariamente para manter os pulmões saudáveis que acabam sendo castigados pelo pó. O barulho é constante, e o local precisa ser afastado e amplo. "Entra muito caminhão com grua para trazer pedra", explica.

Essa logística pesada é o que torna o trabalho do escultor tão singular, acredita. Por isso, ele faz tudo sozinho, sem ajudante. "Muitos delegam o trabalho ao outro para ampliar a peça. Quem faz muito isso é o Botero [o figurativista colombiano Fernando Botero]", entrega Abreu, que conheceu a história em um curso na Itália, ministrado pelo escultor Cícero D’Ávila. Mas o escultor admite que, em alguns casos, um auxiliar seria interessante: por estar sozinho, já quebrou uma de suas peças – deu tempo apenas de fotografar a obra antes de ela girar em seu próprio eixo e se espatifar no chão.

Material

Além das minúcias envolvidas na escultura, o trabalho de Leopoldino Abreu tem uma especificidade a mais: ele gosta de lidar com pedras paranaenses, da região de Bocaiúva do Sul, como a Branco Paraná e o Nero Negro. No começo, foi chamado de "louco" ao trabalhar com a Branco Paraná, que é mais consistente do que a Branco Espírito Santo, comum no meio. Para esculpir o material local, é necessária uma técnica diferente, direção certa para talhar, e força na medida para não quebrar a peça.

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