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O escritor Salman Rushdie, Helen Hunt e Colin Firth: visitas ao médico são pontos altos do filme | Divulgação
O escritor Salman Rushdie, Helen Hunt e Colin Firth: visitas ao médico são pontos altos do filme| Foto: Divulgação

Há dois temas fortes em Quando Me Apaixono (veja trailer, fotos e horários das sessões), lon­­ga-metragem de es­­treia da atriz norte-americana Helen Hunt: crise da meia-idade e adoção. Do primeiro, ela extrai boas situações e levanta discussões bem pertinentes. Já a forma superficial com que o roteiro lida com o segundo quase põe a trama a perder.Vencedora do Oscar por seu desempenho na comédia dramática Melhor É Impossível, Helen é talentosa. Avessa a estrelismos, gosta de viver mulheres saídas da vida real, que podem ser ao mesmo tempo dramáticas e cômicas, mas sempre extremamente humanas e palpáveis. É o caso da protagonista de Quando Me Apaixono

Beirando os 40 anos, April é professora do ensino fundamental e, no início do filme, se casa com Ben (Matthew Broderick), um colega de trabalho que de melhor amigo se torna marido. E, quando ela resolve que é hora de ser mãe, ele entra em crise: imaturo, não consegue se imaginar um pai de família. É um garoto grande.

Paralelamente, April vive um outro drama. Logo após a morte de sua mãe, que a adotou ainda bebê, ela é procurada por Bernice (Bette Midler), apresentadora de um popular talk show local que diz tê-la gerado na adolescência.

A forma como o roteiro, baseado no romance Then She Found Me (de Elinor Lipman), entrecruza essas duas situações resulta um tanto artificial. Embora April seja uma personagem interessante, ao mesmo tempo complexa e ca­­tivante – isso também graças ao ótimo desempenho de Helen Hunt –, nunca sabemos ao certo em que direção a história caminha.

O foco, por vezes, é a crise emocional de April, o fim de seu casamento e a sua aproximação de Frank (Colin Firth), o pai de um de seus alunos, abandonado pela mulher e às voltas com duas crianças pequenas. Ele representa a possibilidade de uma relação estável, madura e construída a partir do encontro entre duas pessoas traumatizadas pelo amor. E isso é bem interessante.

Mas o filme também quer se ocupar da tentativa de Bernice de se reaproximar de sua filha biológica. Bette Midler, ótima atriz cômica mas sempre dois tons acima, flerta perigosamente com a paródia. E Helen, embora também possa ser engraçada, tem um estilo de interpretação muito mais naturalista e sutil. O choque entre escolas de interpretação tão avessas não funciona. E, sobretudo, banaliza um assunto que não é nem um pouco simples.

Simpático em seu todo, Quando Me Apaixono é uma estreia promissora de Helen na direção, apesar das deficiências do filme. Tem alguns bons momentos, como as visitas de April ao ginecologista, vivido insolitamente pelo grande escritor indiano Salman Rushdie, E pode ser uma boa sessão da tarde. Mas não espere demais. GG1/2

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