Quem não gosta de um revival?

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Não é novidade que as bandas de rock que tiveram seu auge antes de 1980 têm uma predileção especial pelo público brasileiro. Com frequência os dinossauros do rock, como Nazareth, Scorpions, Deep Purple e outros incluem o país – e mais especificamente o Sul – para reviver os grandes sucessos de suas carreiras em turnês mais movimentadas do que a de muitos artistas do cenário atual.

Stu Cook, baixista original do Creedence Clearwater Revival integra este grupo. O músico americano não esconde seu entusiasmo e sua expectativa de tocar na capital paranaense hoje, às 22 horas, no Grande Auditório do Teatro Positivo, com sua banda Creedence Clear­water Revisited, formada pelos membros remanescentes do grupo – ele próprio e o baterista Doug Clifford (Veja o serviço completo do show no Guia Gazeta do Povo). "Amamos o Brasil. O público brasileiro é um dos mais fiéis e são os que mais se divertem. Sempre tivemos boas experiências tocando aí", conta o baixista em uma entrevista por telefone à Gazeta do Povo. Com início na capital paranaense, a turnê de Cook e sua banda passará ainda por Porto Alegre (dia 15), Foz do Iguaçu (17), Rio de Janeiro (18), Florianópolis (24) e São Paulo (25).

Formado em 1995 num reencontro dos membros sem os irmãos Fogerty – o vocalista John Fogerty, que seguiu em carreira solo, e o guitarrista Tom Fogerty, falecido em 1990 – o Creedence Clearwater Revisited é, ironicamente, um "revival" do Creedence Clearwater Revival de 1967, que ganhou esse nome pelo fato de seus integrantes já tocarem juntos em outras bandas desde 1959. A empreitada deu certo: a dupla da "cozinha" já percorreu Europa, Ásia, Oceania e Américas arrebatando novos fãs com o repertório formado exclusivamente pelas músicas do quarteto original, que misturam uma pegada country ao rock setentista. Integram ainda a formação deste Revisited o guitarrista e tecladista Steve Gunner, e os vocalistas e guitarristas Tal Morris e John Tristao.

Brasil

Ainda que John Fogerty seja considerado a mente criativa do Creedence e parte do sucesso da banda se deva ao seu timbre de voz inconfundível, o Creedence Clearwater Revisited é quem angaria o público: nas últimas ocasiões em que a banda passou pelo país, em 2006 e 2010, tocou com casa cheia tanto em capitais quanto em cidades do interior, como Bauru (SP) e Tubarão (SC). Ao passo que o concerto que John Fogerty faria em abril do ano passado em Curitiba acabou sendo cancelado – a conversa de bastidores acusa a baixa venda de ingressos.

Cook, que já havia declarado em uma entrevista que, de todos os lugares do mundo para fazer o registro de um DVD ao vivo, escolheria, sem dúvidas, o Rio de Janeiro como cenário, não se furta a nenhum dos clichês para elogiar o país: "Sempre nos divertimos muito quando vamos para o Brasil. A comida é excelente, as mulheres são lindas e a festa dura a noite toda. O público do Brasil é o melhor".

Fã de futebol brasileiro – refere-se a ele inclusive como "football" ao invés da denominação americana "soccer" – diz que a aproximação entre o esporte e sua música é visível, e parabenizou em 2008 o clube Atlético-MG por seu centenário (a torcida mineira incorporou o sucesso "Have You Ever Seen the Rain?" ao grito de guerra do time) e tem a notícia de que um jogador leva no nome a alcunha do grupo. Quando descobre que Creedence Clearwater Couto joga agora pelo Santa Cruz e está radicado no Rio Grande do Sul, anima-se: "Quem sabe ele apareça no nosso show em Porto Alegre! Nunca nos conhecemos pessoalmente, mas adoraríamos, pois seus pais devem ser grandes fãs. Ficamos surpresos com essa honra inesperada".

Repertório

Para a apresentação de hoje à noite, o baixista conta que não há muito segredo quanto ao repertório. "Vamos tocar as grandes canções, só coisas do Creedence. Como sempre, misturamos algumas músicas menos conhecidas, mas o foco são os grandes sucessos." A seleção de músicas do grupo foi realmente revisitada em Recollection, disco ao vivo gravado em 1998 que rendeu à nova formação um disco de ouro em 2002 e um de platina em 2007. Canções que figuram no álbum duplo, como "Suzie Q", "Bad Moon Rising", "Up Around the Bend" e "Have You Ever Seen The Rain?" devem fazer parte do repertório do show no Teatro Positivo.

Quanto a um possível reencontro com o ex-líder John Fogerty, Cook não se mostra tão animado. Embora saiba que o músico está aberto a propostas para mais um "revival" entre tantos outros que estão na história do grupo, o baixista é taxativo: "Não há planos nesse sentido e qualquer boato sobre uma reunião da banda é prematuro". Resta aos fãs aproveitar a dupla de lendas vivas do rock que não pretendem encerrar seus trabalhos tão cedo.

Serviço:

Creedence Clearwater Revisited. Teatro Positivo – Grande Auditório (R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300), (41) 3317-3283. Hoje, às 22 horas. Ingressos a R$ 305 (plateia vip, fileiras 1 a 3), R$ 265 (plateia inferior, fileiras de 4 a 15) e R$ 225 (plateia superior, fileiras 16 a 28). Meia-entrada para estudantes, pessoas com mais de 60 anos, professores, doadores de sangue e portadores de necessidades especiais. Classificação indicativa: 14 anos.