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O músico suíço se apresenta com os aulos, um tipo de instrumento de sopro comum no período estudado por ele, entre os séculos 7 e 5 antes de Cristo | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
O músico suíço se apresenta com os aulos, um tipo de instrumento de sopro comum no período estudado por ele, entre os séculos 7 e 5 antes de Cristo| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

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Palestra – Música da Grécia Antiga

Teatro da Caixa (R. Cons. Laurindo, 280), (41) 2118-5111. Hoje, às 20 horas. Os ingressos começam a ser distribuídos às 19 horas.

Concerto – Série Solo Música – Conrad Steinmann

Amanhã, às 20 horas. R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada). A bilheteria abre de terça a sexta-feira, das 12 às 20 horas. Sujeito a lotação.

  • Os instrumentos são cópias precisas dos originais históricos
  • Painel grego em mármore de 460 a.C. mostra mulher tocando aulos

Historiadores e arqueólogos têm vários registros à disposição para falar sobre a música na Grécia Antiga, de cerâmicas a escritos de Platão. É o suficiente para que possam discorrer sobre seus usos, instrumentos e características – mas pouco para mostrar como soava.

Essa é a lacuna que o músico suíço Conrad Steinmann tenta preencher há 20 anos, quando começou a estudar instrumentos gregos antigos e "recriar" a música do período entre os séculos 7 e 5 antes de Cristo.

O músico, que se apresenta amanhã no Teatro da Caixa, explica em uma palestra gratuita no mesmo local, hoje, como funciona essa recriação, que é baseada nas características dos instrumentos e na poesia e língua da Grécia Antiga.

"Os poemas e letras gregos têm muita informação musical. Então, comecei a coletar poemas de diferentes autores e cantores do período e a analisar as figuras rítmicas, que fornecem padrões", conta Steinmann.

Outra parte fundamental dessa reconstrução são os vários exemplares de "aulos" – um instrumento de sopro feito de materiais como ossos de veado – que Steinmann cria em parceria com um construtor de instrumentos musicais.

São réplicas idênticas aos originais encontrados nos museus. Steinmann aprende a tocá-las com a ajuda da técnica de músicos que até hoje tocam instrumentos parecidos em locais como o Egito e a Sardenha (Itália).

"Seguidas as proporções e os materiais, o som do instrumento só pode ser igual ao original", explica Steinmann. Combinadas aos padrões fornecidos pela poesia, as possibilidades dos instrumentos subsidiam a recriação, que é completada pelo próprio músico.

"Nada da música do período clássico foi transmitida para os nossos tempos. Não sabemos nada completamente. Essa é a minha aproximação", diz o músico. "Não seria verdade se eu dissesse que era assim nos tempos antigos. Mas eu tento chegar o mais próximo possível."

Os resultados, conta Steinmann, foram surpreendentes – do timbre dos instrumentos à linguagem musical. "Não soa como a música medieval ou árabe. É realmente diferente", conta. "Tentamos fazer este trabalho sem nenhuma ideia preconcebida e aceitar tudo o que aconteceria. Às vezes, fui totalmente surpreendido", diz.

O músico lidera o ensemble Melpomen (www.melpomen.ch – em inglês), com o qual lançou dois CDs. Algumas faixas podem ser encontradas na internet.

Steinmann diz não conhecer outros instrumentistas que façam um trabalho com o mesmo rigor. Mas isso não significa que não haja quem discorde de seus resultados, ainda que ele trabalhe com base em documentos históricos. "O problema é que estamos em um fogo cruzado entre musicólogos, filólogos, arqueólogos e historiadores. Todos dizem que não é possível fazer o que faço", explica o músico, que se identifica com a arqueologia musical – uma área nova para pesquisas. "Mas tenho uma vantagem: posso fazer experiências empíricas."

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