Programe-se
Palestra Música da Grécia Antiga
Teatro da Caixa (R. Cons. Laurindo, 280), (41) 2118-5111. Hoje, às 20 horas. Os ingressos começam a ser distribuídos às 19 horas.
Concerto Série Solo Música Conrad Steinmann
Amanhã, às 20 horas. R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada). A bilheteria abre de terça a sexta-feira, das 12 às 20 horas. Sujeito a lotação.
Historiadores e arqueólogos têm vários registros à disposição para falar sobre a música na Grécia Antiga, de cerâmicas a escritos de Platão. É o suficiente para que possam discorrer sobre seus usos, instrumentos e características mas pouco para mostrar como soava.
Essa é a lacuna que o músico suíço Conrad Steinmann tenta preencher há 20 anos, quando começou a estudar instrumentos gregos antigos e "recriar" a música do período entre os séculos 7 e 5 antes de Cristo.
O músico, que se apresenta amanhã no Teatro da Caixa, explica em uma palestra gratuita no mesmo local, hoje, como funciona essa recriação, que é baseada nas características dos instrumentos e na poesia e língua da Grécia Antiga.
"Os poemas e letras gregos têm muita informação musical. Então, comecei a coletar poemas de diferentes autores e cantores do período e a analisar as figuras rítmicas, que fornecem padrões", conta Steinmann.
Outra parte fundamental dessa reconstrução são os vários exemplares de "aulos" um instrumento de sopro feito de materiais como ossos de veado que Steinmann cria em parceria com um construtor de instrumentos musicais.
São réplicas idênticas aos originais encontrados nos museus. Steinmann aprende a tocá-las com a ajuda da técnica de músicos que até hoje tocam instrumentos parecidos em locais como o Egito e a Sardenha (Itália).
"Seguidas as proporções e os materiais, o som do instrumento só pode ser igual ao original", explica Steinmann. Combinadas aos padrões fornecidos pela poesia, as possibilidades dos instrumentos subsidiam a recriação, que é completada pelo próprio músico.
"Nada da música do período clássico foi transmitida para os nossos tempos. Não sabemos nada completamente. Essa é a minha aproximação", diz o músico. "Não seria verdade se eu dissesse que era assim nos tempos antigos. Mas eu tento chegar o mais próximo possível."
Os resultados, conta Steinmann, foram surpreendentes do timbre dos instrumentos à linguagem musical. "Não soa como a música medieval ou árabe. É realmente diferente", conta. "Tentamos fazer este trabalho sem nenhuma ideia preconcebida e aceitar tudo o que aconteceria. Às vezes, fui totalmente surpreendido", diz.
O músico lidera o ensemble Melpomen (www.melpomen.ch em inglês), com o qual lançou dois CDs. Algumas faixas podem ser encontradas na internet.
Steinmann diz não conhecer outros instrumentistas que façam um trabalho com o mesmo rigor. Mas isso não significa que não haja quem discorde de seus resultados, ainda que ele trabalhe com base em documentos históricos. "O problema é que estamos em um fogo cruzado entre musicólogos, filólogos, arqueólogos e historiadores. Todos dizem que não é possível fazer o que faço", explica o músico, que se identifica com a arqueologia musical uma área nova para pesquisas. "Mas tenho uma vantagem: posso fazer experiências empíricas."
Deixe sua opinião