Talvez a lembrança dela surja enquadrada em algum televisor, ligado em um programa esportivo radical. Não? Outra chance. Em 1996 ela lançou o disco Leve, cuja faixa título é uma música inédita de Carlinhos Vergueiro e Chico Buarque. Já em 2001, se saiu com Pé na Estrada, álbum mais pop, recheado de reggaes e da surf musicque refletiam o seu momento enquanto apresentadora do programa radical Zona de Impacto do canal pago SporTV. Nove anos depois, agora em uma fase "100% musical e zero televisão", a paulista de nascimento e carioca de espírito lança Samba Valente, seu terceiro disco, primeiro trabalho totalmente autoral.
Dora cresceu tendo um mestre em casa. Seu pai, o compositor Carlinhos Vergueiro, foi o responsável por apresentá-la à música, às histórias da cidade que viram música e aos instrumentos que a fazem. "Esse disco é especial porque registra as minhas parcerias com o meu pai, eternizando uma sintonia muito intensa, eternizando o nosso laço. Como o meu primeiro disco autoral, deu mais frio na barriga e foi um desafio maior", diz a cantora, que, ainda curiosa e tímida, chegou a conviver com Nelson Cavaquinho, João Nogueira, Adoniran Barbosa e Toquinho. Foi batizada pelo samba.
"O João [Nogueira] foi um cara importante pra minha trajetória artística. Ele sempre me incentivou a cantar, sempre me levou com ele pras rodas de samba. O Paulo César Feital, por exemplo, um dos maiores letristas do Brasil na minha opinião, é um cara que vivia lá em casa", lembra Dora.
O amadurecimento da carreira, com o lançamento do trabalho que revela uma Dora letrista e coarranjadora, deu-se por meio de um processo natural. O clima era de conversa de família, que rendeu mais do que as 11 faixas que compõem o disco. "Eu letrava em cima das melodias. Foi uma fase muito legal, a gente curtiu muito, e ainda estamos curtindo. Não paramos de compor. Desde que o disco saiu já fizemos mais duas novas", conta a paulista.
Voz própria
O samba de Dora é justo, sem excessos. Tem a tradição de Adoniram Barbosa, mas guardadas as devidas proporções suscita a poesia de Cartola e até mesmo o bom humor de Noel Rosa. Cantando sobre uma pequena orquestra formada por violão, cavaquinho, baixo, percussão, flauta, clarinete, sax tenor, trombone e trompete, Dora cria metáforas para falar da vida, principalmente para falar da importância em valorizá-la. Da liberdade, enfim. Como em "Sem refrão", quando canta "Bom é ser livre pra não ter refrão/ Bom te encontrar pra distrair meu coração". Um parênteses explicativo que não é mera coincidência: antes de se jogar na vida enquanto cantora, Dora se jogava de bungee jumps e afins radicais enquanto apresentava o programa Rolé, no Sportv. Percorrendo cidades diversas do Brasil e do mundo, praticava as mais variadas modalidades de esportes, daqueles que dão frio na barriga.
"O disco tem a ver comigo, com a maneira que eu sinto a vida. Sou muito ligada à natureza. Isso com certeza está refletido nas minhas letras", explica a aventureira sambista. "O que eu pretendo? Pretendo atingir o coração das pessoas e levar alegria". GGG
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