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DiCaprio e Ruffalo como a dupla de detetives de Ilha do Medo | Divulgação
DiCaprio e Ruffalo como a dupla de detetives de Ilha do Medo| Foto: Divulgação

Música

Trilha reúne Richter e Dinah Washington

Depois de ver Mystic River virar Sobre Meninos e Lobos nas mãos de Clint Eastwood, e Gone Baby Gone ser adaptado por Ben Affleck como Medo da Verdade, Lehane emplacou Paciente 67 com Martin Scorsese – produção batizada no Brasil de Ilha do Medo.

A Companhia das Letras reeditou Paciente 67 agora com a capa e o nome do filme

A trilha sonora de Ilha do Medo reúne o erudito polonês Penderecki ao pós-clássico alemão Max Richter – uma das faixas casa a música deste com a voz de Dinah Washington e o resultado é genial (ouça nos créditos finais do filme).

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Começa Ilha do Medo (assista ao trailer e veja as fotos), o detetive Teddy Daniels passa mal. Logo se descobre que ele está num na­­vio e sente enjoo. No convés, ao lado do parceiro Chuck e debaixo de um céu cinza, carregado, ele conversa sobre o trabalho. Os dois viajam para uma ilha-presídio onde ficam os criminosos com distúrbios mentais que ninguém mais tem disposição para tratar. Os doentes mais perigosos do país.

A cena é banal, nada demais acontece, mas a música de fundo sugere a presença do mal – parece que o navio vai ser engolido pelo mar ou outra tragédia qualquer. A composição de Krzysztof Penderecki não é um achado do diretor Martin Scorsese porque o polonês já trabalhou para David Lynch (o que diz muito sobre sua obra) e muitos o estimam. A música aparece em vários momentos ao longo do filme e cada um deles te deixa tenso, te faz prender a respiração e esperar o pior. E o pior não vem. Ou você acha que não vem.

Essa quebra de expectativa tem razão de ser e, quando você estiver de guarda baixa, se acostumando com o Penderecki, o filme vai vir para cima com os dois pés. Desse ponto em diante, se desconfia de tudo, a história não faz mais sentido. Tudo o que se viu até aquele momento ganha um outro significado e, ainda assim, você resiste em aceitar. Desconfia de si mesmo da mesma forma que o personagem na tela se sente confuso.

É o velho jogo do "nada é que o parece ser", mas Scorsese o leva um passo adiante. Estende o jogo um minuto a mais. Um minuto interminável que vai fixar Ilha do Medo na tua memória.

O crime que Daniels (Leonardo DiCaprio) e Chuck (Mark Ruffalo) devem investigar é o desaparecimento de uma paciente. Ela sumiu de seu quarto sem deixar rastros, numa proeza com vários aspectos inexplicáveis. A história tem furos, mas eles não são acidentais. Por que os guardas da ilha sentem medo da mulher sumida como se ela fosse um estripador? (Ela é uma jovem delicada que está ali porque matou os três filhos afogados num lago.)

Diretor de Touro Indomável (1980) e Os Bons Companheiros (1990), Scorsese faz de Ilha do Medo um filme sombrio, tenso e esmagador. GGGG

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