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Tom ao piano com Vinícius de Moraes: filme feito com “ouvido de dentro” | Divulgação
Tom ao piano com Vinícius de Moraes: filme feito com “ouvido de dentro”| Foto: Divulgação

Serviço

A Música Segundo Tom Jobim

Direção de Nelson Pereira dos Santos. Produção Brasil. 2012. R$ 44,90. Classificação indicativa: livre.

"Você pode falar mais alto, estou ficando um pouco surdo", exagera o cineasta Nelson Pereira dos Santos, falando ao telefone, de sua casa no Rio. "Mas, Nelson, como você decide fazer um documentário musical se não está ouvindo muito bem?"

"Isso me lembra uma história que o Tom me contou em 1985, em um especial para a tevê Manchete. Uma vez ele estava vendo Heitor Villa-Lobos compor ao piano, no meio de uma balbúrdia, com crianças em volta, uma soprano e um violinista ensaiando, barulho vindo da rua... Aí o Tom pergunta ao Villa-Lobos como ele conseguia compor naquelas condições, e o maestro responde: ‘Meu filho, o ouvido de dentro não tem nada a ver com o ouvido de fora’", relembra o diretor de Rio 40 Graus (1955), Vidas Secas (1963) e Memórias do Cárcere (1984).

Mais de 25 anos depois de escutar o causo, o cineasta realizou, com o ouvido de dentro, A Música Segundo Tom Jobim, documentário que teve 73 mil espectadores e agora chega às lojas e locadoras em DVD.

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O diferencial do filme é recontar a trajetória de Jobim (1927-1994) valendo-se apenas de arquivos de apresentações musicais. Artistas como Elis Regina, Frank Sinatra, Gal Costa e Henri Salvador cantam músicas do compositor. No filme, é como se cada canção funcionasse como o movimento de uma sinfonia.

O cineasta conta que a decisão de usar apenas arquivos surgiu naturalmente no meio do processo, graças à riqueza da pesquisa da codiretora Dora Jobim (neta de Tom), mas que ela foi questionada por distribuidores e exibidores.

"As pessoas falavam: ‘Mas você vai dar crédito dos artistas e das músicas só no final? O público vai ficar bravo’", conta. "Aí eu dizia que a ideia era essa: não entregar tudo pronto como num programa de tevê, deixar cada pessoa criar seu filme a partir das memórias afetivas despertadas pela música."

Em janeiro de 2013, vem à tona mais um resultado da "parceria" entre o cineasta e o compositor. O documentário A Luz do Tom vai mostrar o personagem a partir das relações com três mulheres fundamentais em sua vida: a irmã Helena Jobim e suas duas esposas, Thereza e Ana.

Depois, será a vez de um documentário sobre o radialista Roquette Pinto e de uma ficção sobre o imperador Dom Pedro II. Aos 84 anos, Nelson felizmente não cogita a hipótese de se aposentar, ainda que o ouvido de fora às vezes o deixe na mão.

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