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William F. Buckley Jr. e Gore Vidal explicaram ao eleitorado o que é ser “de direita” e “de esquerda”. | Divulgação
William F. Buckley Jr. e Gore Vidal explicaram ao eleitorado o que é ser “de direita” e “de esquerda”.| Foto: Divulgação

É dispensável você gostar de política para ser iluminado pelo documentário “Best of enemies” (“melhores inimigos”), lançado em 2015 e disponível na Netflix.

Os diretores Robert Gordon e Morgan Neville contam a história da série de dez debates entre William F. Buckley Jr. e Gore Vidal, realizada pela emissora de tevê ABC em 1968, quando os EUA estavam atolados na Guerra do Vietnã.

A rede estava desesperada por audiência e, sem muito dinheiro, teve a ideia de cobrir de um jeito “diferente” as eleições partidárias que escolheriam os candidatos democrata e republicano para disputar a presidência do país.

Buckley (1925-2008) e Vidal (1925-2012) eram intelectuais, mas se enfrentaram como se fossem pugilistas. Em vez de ganchos e diretos, eles trocaram metáforas e argumentos. Ao fim dos dez rounds, a política americana havia mudado para sempre.

O fascinante aqui é ver dois sujeitos muito inteligentes discutindo opiniões diametralmente opostas. Mais que certo e errado, o que estava em jogo nos debates era uma maneira de enxergar o mundo.

Foi a partir do duelo entre Vidal e Buckley que a política americana se organizou num sistema informalmente bipartidário (existem outros partidos, mas democratas e republicanos dominam a cena).

“Best of Enemies”

Documentário produzido em 2015, com 87 minutos de duração, disponível na Netflix.

Ao fim e ao cabo, os dois intelectuais explicaram para o eleitorado o que significava ser “de direita” e “de esquerda”.

O republicano Buckley era conhecido como editor da revista “National Review”, que usava para defender ideias conservadoras e exercer influência na política nacional – poder que aumentava a cada edição.

O democrata Vidal tinha seus romances e livros de não ficção para advogar ideias mais liberais. Na época, com o assassinato de Bobby Kennedy e o partido democrata meio à deriva, Vidal temia a ascensão dos conservadores encarnados em Buckley e viu nos debates a possibilidade de “destruir”, em rede nacional de tevê, toda a lógica republicana. Bastava acabar com uma das figuras mais importantes do movimento conservador.

Já nos primeiros encontros – que acompanhavam as votações em estados estratégicos para os dois partidos –, Vidal voou na jugular do adversário. Buckley sacou que as conversas não seriam leves como havia imaginado e, lá pelo terceiro encontro, se preparou para revidar.

Foi um banho de sangue (metafórico) e eles odiariam um ao outro até o fim de suas vidas.

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Veja o trailer:

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