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Geraldito, de “América” (2005), foi último trabalho do ator na televisão. | Renato Rocha Miranda/TV Globo
Geraldito, de “América” (2005), foi último trabalho do ator na televisão.| Foto: Renato Rocha Miranda/TV Globo

O ator Guilherme Karan morreu nesta quinta-feira, aos 58 anos, depois de ficar internado por dois anos em tratamento de uma doença degenerativa rara, a Doença de Machado-Joseph, também conhecida como ataxia espinocerebelar tipo 3. “Ele herdou da mãe. Perdi um filho com a mesma doença. Guilherme fica na cadeira de rodas o tempo todo. Tem horas que ele está lúcido e tem horas que não”, contou Alfredo Karan, pai do ator Guilherme Karan, ao jornal Extra, em 2012.

O ator ficou internado no Hospital Naval Marcílio Dias por dois anos e estava afastado da profissão desde 2005, quando participou de “América”, novela de Gloria Perez, no papel de Geraldito. A doença neurodegenerativa tem sintomas semelhantes aos da Doença de Parkinson e é caracterizada pela falta de coordenação motora e de controle sobre os músculos.

O problema genético, que ocorre no gene ATXN3, provoca a gradual morte das células nervosas do cerebelo, região do cérebro responsável pelos reflexos e movimentos voluntários, como os impulsos das articulações, tendões e músculos. Falar, comer, andar e mover os olhos vão ficando cada vez mais difíceis. A gravidade da doença, porém, é estabelecida pela quantidade de repetições da mutação no gene.

Karan passou a desenvolver os sintomas em 2005, aos 47 anos, mas a doença pode se manifestar num período bastante amplo, entre os 10 e 70 anos, sendo mais comum aos 30. Impossibilitado de se locomover e com depressão, já que a cognição não é afetada pelo processo degenerativo, o ator, de papéis memoráveis no humorístico “TV Pirata” e na novela “Meu Bem Meu Mal”, proibiu visitas de amigos e se isolou na casa do pai. Sua irmã mais nova também já desenvolveu a Machado-Joseph e é cadeirante.

A doença não tem cura conhecida e os tratamentos possíveis são para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Sessões de fonoaudiologia, fisioterapia e até aplicações de toxina botulínica são indicadas para melhorar o quadro, principalmente da rigidez muscular. O diagnóstico precoce, determinado por teste genético, pode ajudar nesse tratamento.

Origem

A doença foi descrita pela primeira vez em 1972, nos Estados Unidos. Chama-se Machado-Joseph porque foi descoberta em duas famílias de origem portuguesa: os Machado, que se fixaram nos Estados Unidos no século 19, e os descendentes de José Tomas: 12 deles apresentaram a síndrome. No Açores, arquipélago português, um em cada 140 habitantes desenvolve a doença. Já na população mundial a prevalência é bem mais rara: um caso a cada 100 mil pessoas.

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