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Elias Andreato como Salieri: compositor da corte sofre de inveja ao comparar seu trabalho com o do garoto-prodígio Mozart, em versão não autorizada por biógrafos | Divulgação
Elias Andreato como Salieri: compositor da corte sofre de inveja ao comparar seu trabalho com o do garoto-prodígio Mozart, em versão não autorizada por biógrafos| Foto: Divulgação

Gabriel Villela imprime uma marca "flamboyant" à rixa mitológica entre Mozart e o músico da corte Antonio Salieri em "Um Réquiem para Antonio". A peça foi apresentada na noite de terça-feira no Festival de Curitiba e faz última sessão nesta quarta-feira, às 21 horas, com ingressos disponíveis.

Como em outros trabalhos seus, o visual é um ponto forte. O cenário circular foi adaptado à meia-lua do Teatro da Reitoria em bela figura, as luzes, tecidos, instrumentos musicais e cores dos figurinos trouxeram a atmosfera alegre de suas montagens.

A narrativa, baseada no texto de Dib Carneiro Neto, porém, em alguns momentos se assemelha ao stand-up apelativo. Gags escatológicas e sexuais são tão frequentes que parecem buscar a risada fácil da plateia, que responde a contento.

Outras risadas mais localizadas aprovam a citação a fatos da vida/mito ou trechos/títulos da obra de Mozart, tudo embalado por um piano, um pianista e uma dupla de cantoras que fazem da peça um musical com referências não só ao austríaco – é belo o uso de "Passarim", de Tom Jobim, para aludir à inveja do italiano: "Passarinho me conta então, me diz/ por que é que eu também não fui feliz?".

Como no filme "Amadeus", de 1984, Salieri inicia a peça moribundo e atormentado pelo fantasma do rival. A interpretação do compositor revolucionário por Claudio Fontana busca a voz infantilizada que biógrafos concedem ao garoto prodígio, mas ela irrita depois de um tempo. Um boneco é manipulado por ele para encarnar seu lado mais debochado e inconsequente. Um prazer encontrar o paranaense Elias Andreato em cena, como um rabugento Salieri. Seus melhores momentos incluem a interrupção do pianista para questionar: "Isso é dele?", apontando para o provocador sombra que vive em sua cabeça.

A interação entre os atores se baseia no diálogo entre o doente e sua assombração, sem a interpretação de cenas do passado entre eles.No final, quando é executado e cantado o réquiem de Mozart que, segundo a lenda, o teria matado, um vislumbre de poesia deixa no ar o desejo por mais conteúdo e menos apelo.

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