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Paulo Szot e Kelli O’Hara: casal romântico no musical clássico South Pacific | Divulgação
Paulo Szot e Kelli O’Hara: casal romântico no musical clássico South Pacific| Foto: Divulgação

Nova Iorque - Durante a fase de testes para o musical South Pacific, o barítono brasileiro Paulo Szot, então apenas cotado para o papel principal da montagem, venceu a concorrência com um feito insólito. Ao cantar "Some Enchanted Evening", tema romântico principal da peça clássica da dupla Rodgers e Hammerstein (de A Noviça Rebelde) , ele levou às lágrimas quatro atrizes que disputavam a personagem Nellie Forbush, uma enfermeira norte-americana do Arkansas que se apaixona pelo fazendeiro francês Emile de Becque em uma ilha do Pacífico durante a Segunsda Guerra Mundial.

Graças ao impacto emocional causado por Szot, então um cantor de ópera ascendente mas sem qualquer experiência teatral, o diretor Bartlett Sher e os produtores não tiveram mais dúvidas: haviam encontrado o Emile de Becque que tanto procuravam. Ele tinha o porte, a presença e, sobretudo, a voz exigidos pelo personagem, vivido no cinema pelo italiano Rossano Brazzi. Kelli O’Hara acabou ficando com o papel de Nellie.

Passados dois anos desde a estreia de South Pacific no Lincoln Center Theater, Szot é um astro e o musical um estrondoso sucesso de público e de crítica. Só não se sabe ainda se seu caso amoroso com a Broadway e os musicais termina com a montagem, que lhe deu o prêmio Tony de melhor ator. Afinal, Szot, de 40 anos, é, acima de tudo, um cantor lírico.

Nascido em São Paulo e criado em Ribeirão Pires, município da região metropolitana da capital paulista, Szot começou a estudar música aos 5 anos, com aulas de piano, mais tarde acompanhadas por lições de violino e de balé clássico. Quando garoto, Paulo tinha o sonho de ser bailarino. Uma contusão no joelho, aos 21 anos de idade, o fez desistir da dança e investir no canto. Um passo certeiro.

Sua bela voz e inegável musicalidade o levaram, como bolsista, à Universidade Jaguelônica, na Polônia, terra natal de seus pais, que emigraram para o Brasil depois da Segunda Guerra Mundial.

Na Polônia, em 1990, começou a se apresentar com o Conjunto Nacional de Canto e Dança Śląsk. Em São Paulo, sete anos mais tarde, fez sua estréia como cantor profissional numa montagem da ópera Barbeiro de Sevilha, no Teatro Municipal.

Desde que subiu ao célebre palco paulistano, Szot se apresentou com a New York City Opera, Metropolitan Opera, Canadian Opera Company, Teatro Liceu de Barcelona, Opéra de Bordeaux, Opéra de Marseille, Opéra de Nice e a Vlaamse Opera, em espetáculos líricos como L’Elisir d’Amore, Don Giovanni, Cavalleria Rusticana, La Bohème, I Pagliacci, Carmen, Così Fan Tutte e Le Nozze di Figaro. Até decidir fazer o teste para South Pacific, que dele fez uma celebridade nos estados unidos.

Assim como fez com pretendentes ao papel de Nellie, Szot provoca suspiros e aplausos entusiasmados entre os que lotam o Lincoln Center Theater todas as noites para vê-lo. Seu magnetismo e carisma em cena são inegáveis. E a voz, segura, potente e cheia de emoção, é um caso à parte. Tanto que, ainda neste ano, ele estrelará sua primeira ópera no Metropolitan Opera House, também no complexo do Lincoln Center: The Nose, do russo Dmitri Shostakovich, uma obra satírica sobre um barbeiro que perde seu nariz.

O papel perde um berítono capaz de grandes voos vocais e humorísticos. Sob medida para Szot.

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